Marcelo Rebelo de Sousa considera que a comunicação social de cariz nacional ajuda a alargar o fosso existente entre a grande Lisboa e o resto do país. Numa palestra promovida pelo curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), o mediático comentador afirmou mesmo que “há dois países, a área metropolitana de Lisboa e o resto”. Uma tradução livre do velho aforismo “Lisboa é Portugal e o resto é paisagem”.E essa distinção é também feita pelos órgãos de comunicação social nacionais “que têm as atenções focadas sobretudo na agenda política da capital”. O que, para o professor Marcelo, “é muito redutor”.Falando na tarde de 22 de Fevereiro para uma sala apinhada de alunos e professores da ESTA, Marcelo Rebelo de Sousa deu o exemplo do que se vai passar com o anunciado fecho de centenas de escolas do primeiro ciclo para ilustrar “como o país continua com clivagens profundas”. O problema vai ser residual nas grandes áreas metropolitanas e pode ser dramático em zonas mais deprimidas do interior, elucidou.Curiosamente, a organização da sessão deu-lhe razão nalguns pontos. Apesar de se estar numa cidade do interior, o alinhamento de assuntos para Marcelo comentar não teve um tópico que dissesse respeito especificamente a esta região. Durante quase duas horas e meia falou-se dos polémicos cartoons de Maomé, das presidenciais portuguesas, do PSD e do PS, das legislativas italianas, das televisões pública e privadas, da rusga ao jornal 24 Horas. Temas sem dúvida interessantes para quem estuda Comunicação Social. Mas faltou saber o que Marcelo Rebelo de Sousa pensa de questões que nos são mais próximas.Aliás, no final da sessão, após ter respondido a três questões formuladas pelo público, o conhecido comentador disse que gostaria de ter falado sobre os desafios da comunicação social local e regional, mas o tempo disponível não o permitiu. E como ninguém lhe perguntou…