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Uma realidade desanimadora

Uma realidade desanimadora

Mação está com dificuldades em lutar contra a desertificação

O concelho de Mação apostou na floresta, na cultura e no aumento das condições de vida e de formação da população para captar investimentos e fixar residentes, mas sem grandes sucessos por falta de dinheiro.

Os projectos de combate à desertificação desenvolvidos pela Câmara de Mação estão em risco por falta de financiamento. O alerta foi lançado pelo presidente do município, Saldanha Rocha (PSD), na quinta-feira, durante uma reunião da Comissão Nacional de Combate à Desertificação. “Há questões que o poder central nem ouve”, desabafou o presidente da câmara, esclarecendo que tem sido difícil obter apoios para combater a pobreza que tem vindo a aumentar no concelho. “Gostávamos de trazer coisas para cá, de criar riqueza, mas não conseguimos”, sublinhou. Saldanha Rocha deu como exemplo a candidatura a apoios para a construção de um centro para jovens em risco. “No distrito de Santarém há apenas um destes equipamentos e ainda há pouco tempo tivemos que ir pôr um jovem do concelho a Braga. A candidatura foi aprovada, mas os apoios foram reduzidos em 40 por cento. É o mesmo que dizer-nos para não fazer nada”, justificou.Antes já a assistente social do município, Vanda Serra, tinha traçado um quadro negro. “Este ano estamos com dificuldade em continuar a realizar os projectos, já que algumas candidaturas ou não são aprovadas ou viram as verbas reduzidas. Começamos a ficar desanimados”, salientou perante a comissão. Saldanha Rocha referiu a importância destes projectos de cariz social, exemplificando que no âmbito de um projecto de luta contra a pobreza ensinaram-se pessoas “a arrumar a casa ou a lavar os dentes”. Sublinhou também que a câmara levava jovens do concelho aos ciclos de conferências da Gulbenkian, em Lisboa, como forma de proporcionar o contacto com outras realidades. Abrir os horizontes de alguns jovens que nunca tinham saído do concelho de Mação. “Mas tivemos que cancelar a iniciativa porque os custos são incomportáveis”, argumentou.Segundo Vanda Serra, 37 por cento da população é constituída por idosos que vivem isolados. As crianças têm uma cultura muito baixa. “Há problemas de alcoolismo, maus-tratos, falta de emprego…”.O presidente do município está desanimado por verificar que o esforço que tem sido feito não tem contribuído para a fixação de pessoas no concelho. A autarquia apostou na melhoria das condições sociais, na floresta como pólo criador de emprego e riqueza e na cultura.Mas “tudo o que fizemos não chega. Não conseguimos trazer empresas, criar riqueza”, lamentou Saldanha Rocha, acrescentando que “quando se atinge o patamar do desânimo é muito difícil dar a volta aos problemas”. Na área florestal, o principal potencial do concelho, a autarquia tem lutado contra o facto das propriedades terem em média 4.600 metros quadrados de área. O que impossibilita a sua protecção contra incêndios, a sua rentabilidade, o seu desenvolvimento. Neste momento a autarquia está a desenvolver o plano municipal de ordenamento florestal, mas adivinham-se dificuldades de implementação. “O presidente da câmara vai ficar com o ónus de sozinho dizer aos proprietários o que podem ou não plantar, quando isso devia ser definido e assumido a nível nacional”, comentou o vereador António Louro, responsável pelo gabinete florestal municipal. Na área da cultura o município criou o Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo, que conseguiu projectar Mação para o exterior. No entanto, disse Saldanha Rocha, num ano passaram pelo museu cinco mil pessoas. “Passaram, mas não ficaram”, lastimou.
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