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“Quem não inovar morre”

“Quem não inovar morre”

Mira Amaral diz que o que está em causa é uma nova geração de políticas regionais, mais apostada no conhecimento

Mira Amaral, coordenador do plano estratégico de inovação e competitividade para a região de Santarém, diz que os empresários avessos à inovação vão acabar por morrer. Em entrevista a O MIRANTE o ex-ministro da Indústria critica a demasiada ambição e a falta de realismo dos institutos politécnicos e salienta que o plano só irá funcionar se os políticos da região fizerem um lobi eficaz.

O plano estratégico de Inovação e competitividade para a região de Santarém define em traços gerais as linhas estratégicas que deverão ser seguidas e aponta acções concretas para as concretizar. Acredita que é possível, como se sugere, mobilizar empresas, associações, autarquias e escolas para um único objectivo?É uma questão muito pertinente, até porque, devo dizer-lhe, este não é um estudo de fácil execução. E ainda bem que não o é porque tem de se perceber que o país tem de passar para outro modelo de desenvolvimento. Depois do país ter investido maciçamente em infra-estruturas físicas, chegou a altura de se investir na competência e na qualificação.Mas para isso é necessário que haja uma concertação de esforços de todos os intervenientes...É preciso pôr as instituições, as empresas e as autarquias a trabalharem em rede e a cooperar com entidades científicas e tecnológicas e fomentar o espírito de empreendedorismo.Acha que há sensibilidade para isso?Vou ter de explicar muito bem aos empresários o que está agora em causa, porque acho que vai haver ainda muito boa gente a julgar que isto é mais um plano de infra-estruturas. E o que está realmente em causa?Este plano corresponde a uma nova geração de políticas regionais, que a Comissão Europeia recomenda, que são mais assentes na informação, no crescimento e na cooperação em rede e menos assentes em infra-estruturas físicas. É esta a grande mensagem que queremos transmitir e devo dizer-lhe que, com isto, não descobrimos a pólvora. Estudámos uma série de planos regionais de inovação em regiões europeias e até damos exemplos concretos de coisas que podem parecer à primeira vista etéreas mas que funcionaram e tiveram grande êxito.Os empresários da região estão à espera do dinheiro comunitário para avançar com projectos dessa natureza?Os empresários não podem pensar que isto é só uma questão financeira, de injectar mais dinheiro em infra-estruturas físicas nas suas empresas. Ou todos mudamos de vida e trabalhamos em conjunto, inovando procedimentos e estratégias, ou então não vamos a lado nenhum. Esta é a questão chave do estudo. As empresas têm de ter consciência de que, primeiro, precisam de inovar. O dinheiro vem a seguir. E há programas, nacionais e comunitários que financiam as PME no domínio da inovação. É claro que os apoios não pagam os 100 por cento do investimento, dão um impulso e funcionam como estímulo ao esforço que obviamente os empresários também têm de fazer.Como explica o facto de, nos inquéritos realizados no âmbito deste estudo, serem os próprios empresários a não considerarem a inovação como uma actividade normal da sua empresa, por trazer custos elevados e riscos excessivos?O problema é que os empresários confundem inovação com investigação. E assustam-se, julgam que têm de fazer grandes projectos quando o que se pede são às vezes coisas simples e triviais para se diferenciarem da concorrência. Investigação é gastar dinheiro para criar conhecimento. Inovação é utilizar o conhecimento já existente para, através de ideias novas, originais e criadoras fazer novos produtos. Quer dizer que não é preciso fazer grandes investimentos para ser inovador?A aposta na inovação nas PME pode não passar por investimentos maciços mas uma coisa é clara – se as empresas não inovarem e ficarem como estão, estão arrumadas em relação à concorrência crescente. E morrem, não tenhamos dúvidas disso.Um estudo é um estudo. O que se tem de fazer para se passar do papel à prática?O plano tem sete acções prioritárias, das quais sai um conjunto de projectos mobilizadores. É com esse conjunto de projectos mobilizadores nas várias áreas que se quer alterar o actual estado das coisas.Portanto, há projectos concretos para implementar na região. E quem vai coordenar a sua execução?Essa é uma questão a que o plano não pode responder. Quem é que vai pegar nisto e vai liderar as mudanças. Na minha opinião pessoal acho que a Nersant, por aquilo que já fez na região, poderia ser o pivot, mas isso é uma questão que tem de ser discutida entre as várias entidades do distrito.É da opinião que, em termos de estratégia empresarial, a Lezíria e o Médio Tejo devem unir-se, apesar de pertencerem agora a duas regiões diferentes?Do meu ponto de vista deve haver uma única unidade para gerir um plano destes, que passa a receber de duas regiões plano as respectivas fontes de financiamento, mantendo uma unidade de acção e de pensamento estratégico. Mas essa é outra questão que ainda não está resolvida.Margarida Cabeleira
“Quem não inovar morre”

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