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Avós vigilantes nas escolas

Associação de pais do agrupamento de Azambuja arranca com projecto de voluntariado

Os avós do agrupamento de escolas de Azambuja estão a ajudar a vigiar os recreios e a controlar as entradas e saídas. Escolas e encarregados de educação agradecem.

Já passam das dez horas da manhã no recreio da Escola Básica Integrada de Azambuja. Os alunos estão entretidos a jogar à bola e às cartas. Ao fundo, sentado no pequeno muro junto à rede, está o avô e vigilante Ramiro Lopes, 64 anos.O antigo funcionário bancário cansou-se dos dias vazios da reforma e decidiu aproveitar a sua energia para ajudar os outros. É um dos sete voluntários do projecto dinamizado pela Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Agrupamento de Escolas de Azambuja com Jardim-de-infância (ver caixa). Ramiro Lopes não tem netos no estabelecimento onde faz voluntariado, mas quis dedicar algumas das suas horas ao projecto. Para ajudar a gerir conflitos entre colegas e proteger os jovens. “Alguns miúdos já chegaram a ser atraídos à rede e ficaram sem os telemóveis”, conta, com a identificação de voluntário ao peito.De repente o vigilante tira uma caneta e bloco e começa a escrever a primeira página de um relatório. “Vi um aluno saltar a rede das traseiras da escola e descer por um poste de electricidade para sair”, descreve.É o primeiro dia de vigília. Ramiro Lopes ainda está a fazer o reconhecimento do espaço. “Posso jogar às cartas com vocês”, pergunta a um grupo de meninas sentado em roda. A função do voluntário é também ajudar a entreter os alunos. Essa é uma das grandes motivações de Isilda Patrício, 66 anos. “Vou ensinar-vos a jogar ao caracol, à correia queimada, à corda com anel”, promete entusiasmada aos meninos que acabam de chegar de autocarro ao turno da tarde da EB1 da Quinta dos Gatos. Os estudantes olham com admiração para a senhora que se parece como outras tantas avós que por ali passam. “A partir de agora fazes sempre o que esta senhora te mandar, está bem?”, aconselha uma encarregada de educação enquanto leva o filho pela mão.Isilda Patrício, antiga funcionária de um armazém, é avó de uma aluna da escola. Está reformada. Entre as responsabilidades domésticas de preparar o almoço para família e engomar a roupa ainda arranjou tempo para o voluntariado. “Também gostava que fizessem o mesmo pelos meus”, confidencia.Tal como Henrique Abreu Ribeiro, ex-formador, 68 anos, dois netos e uma grande vontade de colaborar. “Sei que as necessidades são muitas e os ambientes nem sempre são os melhores”, diz quem reconhece que nos dias de hoje os avós têm mais disponibilidade que os pais.“Se há tantos projectos de voluntariado nos hospitais e em outras instituições porque não implementar um nas escolas que precisam”, interroga-se a presidente da associação de pais, Cristina Pereira, uma das dinamizadoras do projecto pioneiro no concelho.A Câmara Municipal de Azambuja apoiou o projecto garantindo a formação dos voluntários através dos técnicos da autarquia. Os pais e escolas estão satisfeitos com o projecto que ainda agora arrancou e agradecem a iniciativa. O presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Azambuja, João Rocha, diz que já foram realizadas reuniões para informar sobre o papel dos voluntários que estão na escola, não para substituir os funcionários, mas para colaborar. “A simples presença dos voluntários no recreio da escola é já uma grande ajuda”. Ana Santiago

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