uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

A morte segundo Moita Flores

Escritor e investigador esteve à conversa em Salvaterra de Magos

Francisco Moita Flores considera que “a morte é um nada do ponto de vista da racionalidade”.

Para quem lidou muitos anos com a morte será fácil falar desta temática. E foi isso que aconteceu, na Cabana dos Parodiantes, em Salvaterra de Magos. Francisco Moita Flores foi a pessoa escolhida para falar sobre o tema perante dezenas de pessoas. O escritor, investigador, e agora também presidente da Câmara de Santarém começou por lembrar que trabalhou muitos anos nos homicídios e assaltos à mão armada, quando estava na Polícia Judiciária (PJ). “E esta relação com o cadáver foi importante para a minha vida”. Lidar com a morte não é fácil. E prova disso é que o ser humano deseja a todo o custa a imortalidade. “É um assunto que poucos gostam de falar”. O que pode parecer um contra-senso se tivermos em linha de conta que a morte é a única garantia que temos. “A única certeza que temos é que um dia, a uma determinada hora, vamos morrer”, referiu. Então por que será que não queremos morrer, questionou. Para o escritor, “é aqui que está o grande mistério da vida”. A ideia de morte está sempre presente em nós. E prova disso é que quase todos nós termos uma pequena farmácia em casa. “Mal haja um pequeno indício que a saúde não está bem, fazemos a nossa intervenção”. Sobre a imortalidade Moita Flores recordou também Teófilo de Braga que defendia que “estamos vivos enquanto estivermos na memória dos vivos”. Para o investigador, “a morte é um nada do ponto de vista da racionalidade”. Ninguém a consegue explicar. “A única coisa que conhecemos são as atitudes dos vivos em relação à morte”. E quando se fala em morte não se pode deixar de falar de suicídio. Segundo Francisco Moita Flores, aqui há várias interpretações e explicações. O investigador considera que em todos os suicídios há algo de patológico para a morte. O escritor, que defendeu a sua tese de mestrado sobre o suicídio de Antero de Quental, defende que “uma pessoa se suicida porque a sua vida transformou-se num inferno e atingiu o limite do sofrimento”. Sobre este facto, considera que o homem tem de ser forte e resistir a esta vontade. Na vida não há soluções para tudo. “Não é no suicídio, da droga ou prostituição que encontramos resposta para os nossos problemas”.Mário Gonçalves

Mais Notícias

    A carregar...