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Quem não pensar morre…..

Dr. António Pires da Silva

Temos então aqui como se vão mudar as “mentalidades”: “Explicando” aos empresários qual a diferença entre investigação e inovação.

Sempre que se procura explicar o atraso, ou, como hoje se diz, a falta de competitividade de Portugal ,utilizam-se os mesmos chavões: Tudo está na “génese do português”; ou “é um problema de mentalidades”. É normal que assim seja quando se discutem estes problemas em “conversas de café”. É aquilo a que os sociólogos chamam de a “ilusão da transparência”, ou seja a convicção de que por sermos humanos sabemos explicar a sociedade humana.Já é mais preocupante quando são estudos, com suporte científico, que conduzem a conclusões dessa natureza. Com efeito, a ciência o que faz não é buscar as explicações últimas dos fenómenos, mas as regularidades que estão sempre presentes nos fenómenos estudados, e que experimentadas uma a uma acabam por permitir reproduzi-los. Chegamos assim a leis científicas.É por isso que não se pode dizer que o “atraso” ou a “falta de competitividade” resultam das “mentalidades” ou da “génese do ser português”. Porque depois surgem, naturalmente, as perguntas: o que é que explica as “mentalidades”? O que é isso da “mentalidade portuguesa”? O que é a “génese do português”?Vêm estas considerações a propósito da recente entrevista que o Sr. Eng. Mira Amaral deu a O MIRANTE, relativamente ao plano estratégico de inovação e competitividade para a região de Santarém, com o qual se pretende “pôr as instituições, as empresas e as autarquias a trabalharem em rede e a cooperar com entidades científicas e tecnológicas e a fomentar o espírito do empreendedorismo”.E porque é que as instituições, empresas e autarquias hão-de fazer o que até aqui, aparentemente, não faziam? Porque o sr Engº Mira Amaral lhes vai explicar muito bem o que está agora em causa. De facto “os empresários confundem inovação com investigação” e “assustam-se” por julgarem que “têm de fazer grandes projectos, quando, o que se pede, são às vezes coisas simples e triviais, para se diferenciarem da concorrência”. Temos então aqui como se vão mudar as “mentalidades”: “Explicando” aos empresários qual a diferença entre investigação e inovação.E porque é que isto não foi feito até agora? Por três razões fundamentais: porque “o distrito tem tido falta de grandes nomes da política”; os empresários não têm feito “lóbi” junto dos actuais (“pequenos”) nomes da política distrital; e porque os institutos politécnicos, principalmente na parte tecnológica, tiveram uma preocupação ambiciosa de “repetir os cursos do Instituto Superior Técnico” (certamente estará a referir-se a Conservação e Restauro, Fotografia, Tecnologia e Artes Gráficas ou mesmo Design e Desenvolvimento do Produto, já que os restantes, Engenharia Civil, Mecânica, Electrotécnica, etc, esses existem em todas as Universidades e Politécnicos do País). O que, para o Sr. Eng. Mira Amaral, revela irrealismo já que “não têm dimensão nem massa critica para o conseguir”. Provavelmente, uma visita mais cuidada, e um melhor conhecimento das capacidades científicas e tecnológicas do Instituto Politécnico de Tomar pudesse ter sido útil. Com isto tudo pode-se deduzir que o que se pretende é matar dois coelhos de uma só cajadada. Por um lado justificar a eliminação a curto prazo do IPT e atribuir essa eliminação às suas próprias culpas e megalomania. Por outro essa eliminação nunca poderá ser atribuída a “lóbis” políticos - eles não existem no Distrito de Santarém.Felizmente que existem estudos científicos encomendáveis, Instituições Autárquicas, Científicas e Empresas, dispostas a colaborar com o IPT. Pois caso contrário, seríamos prisioneiros eternos do nosso atraso atávico, da nossa mentalidade retrógrada * Presidente do Instituto Politécnico de Tomar

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