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Aprender com as sombras

Aprender com as sombras

Projecto inovador no concelho de Vila Franca

O Museu Municipal de Vila Franca leva a História e o Património do concelho às escolas. Os alunos aprendem com as sombras e o estudo é mais divertido

O relógio marca as 10 horas da manhã quando entramos na sala do 4º ano da Escola Básica de Arcena, em Alverca. A aula, que começara há pouco tempo, é interrompida e as atenções viram-se agora para as técnicas do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, Rosário e Patrícia, que lhes vão falar sobre os descobrimentos portugueses. Depois da curiosidade e excitação inicial e montado o cenário ambulante para o teatro de sombras, baixam-se as persianas e a atenção dos 18 meninos direcciona-se para o pequeno rectângulo branco. Sobre a imagem de uma caravela no mar, e com o marulhar das ondas como som de fundo, surge a sombra de uma criança, o João. “Era o ano de 1487…” Assim começa a História do Tejo que fala de um menino, o João, que a partir do cais de Povos, em Vila Franca, sonhava percorrer os mares e em busca de novas terras. O João, fruto da imaginação da autora, Anabela Ferreira, é quem transporta os pequenos e atentos espectadores para uma época áurea da história portuguesa. Com a História do Tejo as crianças da EB1 de Arcena ficam a saber que o cais de Povos foi um marco importante da história de Portugal. Lá foi construída a frota de Bartolomeu Dias, já que a peste estava a assolar Lisboa. E foi do cais de Povos que Bartolomeu Dias partiu para dobrar o Cabo da Boa Esperança, uma conquista decisiva para a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Inês Lopes, de nove anos, “já tinha ouvido falar no Bartolomeu, mas não sabia o que ele tinha feito”. Por isso, diz que “foi muito bom saber coisas novas desta maneira divertida”. As colegas Isa Mara Mendes e Maria Inês Colaço concordam, já que “é muitos mais engraçado aprender com as sombras”. José Manuel Júnior, que acalmou o seu espírito irrequieto de rapazinho de nove anos para assistir ao teatro de sombras, diz, agora mais agitado, que “estudar deveria ser sempre assim, com coisas engraçadas”. Apesar de ter estado bem atento à representação das técnicas do museu, José já não se lembra do nome do senhor que partiu de Vila Franca e que dobrou o Cabo da Boa Esperança. “É um nome muito complicado”, diz embaraçado.Para a professora da turma, Conceição Mendes, esta actividade representa “um importante complemento para a formação das crianças”. “O professor na maioria das vezes não tem tempo para isto, e com estas actividades eles acabam por aprender melhor a matéria das aulas”, acrescenta. Terminada a história, Patrícia e Rosário convidam os alunos a puxarem pela imaginação e a criarem eles próprios a sua história. O tema é livre e a confusão instala-se na sala. Divididos por grupos e com materiais distribuídos pelas técnicas para construírem as suas personagens do teatro de sombras, os 18 meninos soltam a imaginação onde fervilham histórias sem fim. As escolhidas acabam por ser a fábula da tartaruga e da lebre, a história de amor entre D. Pedro e D. Inês e a lenda das rosas no regaço de D. Isabel, esposa de D. Dinis. Com algum nervosismo, muito entusiasmo e improviso, cada grupo representa a sua história no cenário do teatro de sombras. E “vitória, vitória, acabou a história!”
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