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Um saco de compras para aconchegar o estômago

Avio mensal ajuda 95 famílias de Vila Franca de Xira a subsistir

Noventa e cinco famílias carenciadas encontram na Caritas de Vila Franca de Xira uma ajuda preciosa. Apesar da crise na instituição, nunca se nega um alimento a quem tem fome.

Rosa Carinhos, 39 anos, senta-se na pequena sala de espera da Cáritas Paroquial de Vila Franca de Xira. Há mais de 18 anos que esta mãe de três filhos vem todos os meses buscar o avio de secos à instituição de solidariedade social.Os filhos menores, de 11 e 14 anos, estudam e o mais velho é deficiente profundo. Rosa Carinhos, gasta uma fortuna em fraldas e roupa que o jovem costuma rasgar.Residem no bairro municipal de Povos. Rosa Carinhos é empregada de limpeza no hospital de Vila Franca de Xira, mas o ordenado não chega para as despesas. Os três sacos de plástico carregados de arroz, bolachas, óleo e cereais são uma ajuda preciosa para subsistir durante o mês.O mesmo sente Maria João Matias, 43 anos. Está desempregada. Vem do Bom Retiro carregar os sacos do costume. É “cliente da casa” há 20 anos. Vive com o marido, filho e neta. O tribunal atribui-lhe a guarda da menina. A filha está detida. Nem sempre tem trabalho. Nem sempre dá notícias à família.Na sala de espera um menino de etnia cigana reconhece a vizinha. Maria João retribui o sorriso à criança. Quem tem fome já sabe onde ir. Ali todas as semanas se distribuem produtos frescos pelos que mais precisam. Mas a coordenadora da instituição, Carla Pereira, avisa que este ano a avaliação está mais exigente para a atribuição da ajuda.É preciso entregar fotocópia da declaração de rendimentos para levar os alimentos disponibilizados pelo Banco Alimentar de Luta Contra a Fome. Carla Pereira está convicta de que a alteração não será significativa. A maior parte das pessoas precisa realmente de ajuda. “Preferimos ser enganados por alguns e não correr o risco de tirar a ajuda a quem precisa”.Carla Pereira garante que há muitas famílias, sobretudo jovens, que atravessam períodos de crise, provocados por situações inesperadas de desemprego. Muitas vezes vive-se uma pobreza encapotada e são vizinhos que alertam para situações de carência. O objectivo é auxiliar a família temporariamente.A instituição avalia os casos sociais e apoia as situações de maior carência. O caso dos idosos é mais dramático e o auxílio muitas vezes prolonga-se no tempo. A valência de atendimento social apoia todas as semanas 95 famílias. Não tem apoio do Estado. Conta apenas com a colaboração dos oito voluntários da instituição. E só implica encargos adicionais para a instituição que tem que custear o transporte dos alimentos até Vila Franca de Xira. “É uma valência que vive à custa das outras”, ironiza Carla Pereira. A coordenadora sabe melhor que ninguém a importância de um cesto de alimentos para um agregado familiar em dificuldades.Apesar das dificuldades financeiras que atravessa a Cáritas de Vila Franca de Xira não deixa de ter em funcionamento a valência de atendimento social. Foi este o serviço que em 1986 marcou o arranque da instituição que nasceu como grupo sócio-caritativo.Ana Santiago

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