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Pais regressam à escola

Pais regressam à escola

Técnicos ensinam a detectar comportamentos de risco

O diálogo entre pais e filhos é uma das grandes armas de combate aos comportamentos de risco dos jovens em idade escolar.

Um jovem de 15 anos chega a casa, dirige-se ao pai e conta-lhe que um colega de escola esteve a fumar um charro. O que lhe diria se fosse seu filho?Os encarregados de educação que ocupam os bancos da sala do ATL da Escola Básica do Vale do Brejo, Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, olham-se e esboçam um sorriso. A pergunta, lançada pelo psicólogo Paulo Louro durante um colóquio sobre comportamentos de risco, realizado terça-feira à noite, 4 de Abril, apanha desprevenido Nuno Sequeira, 40 anos de idade e pai de uma menina de nove. “Acho que lhe dizia que também passei por tudo isso na juventude e soube afastar-me”, afirma com convicção o encarregado de educação do Cartaxo.Sérgio Jorge, 38 anos, residente no Vale do Paraíso, sentado na fila lá mais trás, pede a palavra. “Chegar aí é o mais difícil. Não são todos os filhos que perguntariam isso a um pai”, observa o encarregado de educação de um aluno de 10 anos.O segredo, diz Paulo Louro, é estar dotado da informação necessária para poder explicar aos jovens as consequências nefastas das drogas. Desde o simples cigarro ou copo de cerveja até às drogas mais duras, como a heroína. Mas há quem vá mais longe e opte por fazer outro tipo de pedagogia.Como foi o caso do pai de uma amiga de liceu de Mafalda Rei, 37 anos, mãe de um rapaz de oito anos e de uma menina de três. Quando a amiga de Mafalda comentou com o progenitor que alguns colegas de turma tinham fumado drogas a reacção do pai foi surpreendente. Explicou-lhe as consequências e disse-lhe que se ela quisesse podia experimentar. A jovem seguiu o conselho do pai, mas não gostou da sensação.“Os filhos não estão à espera que os pais tenham reacções destas. Que lhes digam para fumar com eles ou experimentar. Não é suposto”, analisa o psicólogo que sublinha que acima de tudo é preciso estar preparado para dar as respostas que os jovens precisam de ouvir.Diálogo em casa é fundamentalHoje, ao contrário do que acontecia há alguns anos, a informação abunda e os pais podem estar mais facilmente atentos aos sinais e comportamentos de risco. Paulo Louro sublinha também que as linhas de informação e o apoio técnico existem igualmente para ajudar as famílias.O diálogo em casa é fundamental quando se falam em comportamentos de risco. “A nossa vida não gira só à volta dos filhos, mas é preciso guardar-lhes alguns momentos de atenção”, ilustra o psicólogo, que é também chefe da divisão de educação da Câmara Municipal de AzambujaPaulo Louro garante que a procura do risco é natural na juventude. Mas se há jovens que se contentam com a subida de adrenalina na rampa de skate ou no rappel, outros procuram aventuras mais perigosas.É por isso que está também em curso um projecto de actividades de escalada e rappel com riscos controlados como forma de prevenção da delinquência. “Queremos levar os jovens mais problemáticos para paredes em arribas e precipícios. Queremos pôr a vida de um na mão de outro para que eles percebam também o valor que ela tem”, explica Sofia Pereira, uma das técnicas do Plano Municipal de Prevenção Primária das Toxicodependências de Azambuja.É preciso fomentar momentos de diálogo em casa, ensinar os jovens a ser assertivos e sobretudo mostrar-lhes que é preciso saber “dizer não”. Não só às drogas e ao álcool, mas também à violência, às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez na adolescência. As sessões da escola de pais prolongam-se até ao Verão. Encarregados de educação, técnicos e professores reúnem-se à mesma mesa, no Vale do Brejo, para fazer o trabalho de casa e tentar encontrar respostas para as difíceis perguntas e inquietações dos jovens.Ana Santiago
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