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Paulo Costa

Vila Nova da Rainha (Azambuja), 35 anos, cabeleireiro

“Para os portugueses a velocidade é uma forma de afirmação. O português conduz mal e coloca muitas vezes em perigo a vida de outras pessoas. As estradas já melhoraram muito nos últimos anos. Não pode servir sempre de desculpa”

Tem confiança nos alimentos vendidos nas roulottes?No Verão, quando vinha de França passar férias a Portugal, achava engraçado e cheguei a parar algumas vezes nas roulottes com amigos. Àquela hora estávamos com fome e estava tudo fechado. É o tipo de comida que se consome uma vez de vez em quando. Até porque esses alimentos não são muito saudáveis e as condições de confecção deixam um bocadinho a desejar…Costuma participar nas largadas de touros?Não. Há quem chame a isso cultura, mas eu pessoalmente detesto. No que diz respeito a vacadas e touradas não sou nada português. Apesar de Portugal não matar os toiros não acho a mínima piada a essa tradição.O problema da sinistralidade é das estradas ou dos condutores?É dos condutores. Eu não conduzo, mas acho que para os portugueses a velocidade é uma forma de afirmação. O português conduz mal e coloca muitas vezes em perigo a vida de outras pessoas. As estradas já melhoraram muito nos últimos anos. Não pode servir sempre de desculpa. A taxa de desemprego em Portugal é real?Em Portugal há uma minoria de pessoas que não são qualificadas e dificilmente irão arranjar trabalho. Mas comparativamente a outros países da União Europeia até acho que os portugueses são esforçados. Adaptam-se a muitas situações. Se não encontram trabalho no ramo tentam procurar alternativas.De que sente falta na região?Falta mais dinamismo a nível cultural e desportivo. Acho uma pena que aos fins-de-semana as pessoas se fechem em centros comerciais. Também não posso comparar a região com a cidade de Paris, onde vivi. À sexta-feira à noite fechavam-se ruas inteiras para ver pessoas a andar de patins. Há demasiados licenciados no país?Noto que há muitos doutores em Portugal. Qualquer pessoa tem um diploma. Favorece-se muito quem tem um curso superior em detrimento dos outros. A nível de salários e não só. É pena não se valorizarem outras áreas. Trabalhei cá em Portugal e algumas pessoas chegaram a dizer-me: “Não me chame senhora, chame-me senhora doutora”…O sistema de saúde em Portugal é justo?Vivemos com a medicina dos ricos e com a medicina dos pobres. Quando vou ao médico aqui pago 60 euros. Em França pago 20. Acho inconcebível que alguém espere um ano e meio por uma operação.Já se pode falar em igualdade entre homens e mulheres?Os franceses lavam mais loiça e fazem mais vezes a cama que os portugueses. Os trabalhos domésticos são mais partilhados. Mas acho que Portugal está melhor. A tradição da mulher latina, que ficava em casa a tratar dos filhos enquanto o homem estava a trabalhar, também estava muito enraizada.Já alguma vez foi voluntário?Só uma vez. Na Austrália. Mas é uma coisa que gostava de fazer com mais frequência. Visitei pessoas com HIV num hospital através de uma associação católica. Eram pessoas com a doença num estado já muito avançado. Tentávamos fugir do tema da doença e da morte. Algumas dessas pessoas eram visitadas também por padres e nessa fase terminal da vida converteram-se ao catolicismo.

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