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Bairro dos Caniços rejeita nova urbanização

Bairro dos Caniços rejeita nova urbanização

Moradores sentem-se enganados pela presidente da Câmara de Vila Franca

Dezenas de moradores do Bairro dos Caniços querem impedir a construção de prédios que lhes tapam a vista para o rio. Os munícipes acusam a presidente da câmara de os ter enganado. Maria da Luz Rosinha reconhece um lapso na informação e mandou suspender as obras.

Os moradores do Bairro dos Caniços, na Póvoa de Santa Iria, estão contra a construção de uma nova urbanização nas traseiras dos edifícios que habitam que lhes vai retirar a vista sobre o rio Tejo. Os residentes acusam a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira de faltar às promessas, já que havia dado a garantia que nada iria ali ser construído.No passado dia 7 de Abril, sexta-feira, os moradores foram surpreendidos pela presença de máquinas que destruíram parte de um jardim junto à estrada que dá acesso às traseiras. Os moradores contactaram a autarquia imediatamente que mandou cessar as obras. Para esclarecer as movimentações, Maria da Luz Rosinha reuniu-se com os moradores no bairro. Aos residentes a edil adiantou que a câmara muncicipal não havia conseguido relocalizar todos os edifícios previstos para aquele local, permanecendo ali dois dos seis prédios inicialmente previstos.Os moradores contestam, no entanto, a construção de qualquer edifício nas traseiras dos seus. Segundo Carlos Guerreiro, residente no bairro há 27 anos, a presidente da autarquia garantiu, em Setembro do ano passado em reunião com os moradores, que não iriam ser construídos novos prédios no local. O morador adianta que nessa ocasião a autarca assumiu que aqueles terrenos seriam utilizados para a construção de um parque infantil, há muito desejado pelos moradores. Preocupada com o facto de a nova urbanização ir tapar a vista sobre o Tejo aos restantes prédios, Ilda Guerreiro lamenta que Maria da Luz Rosinha tenha feito uma promessa que agora não está a cumprir. A moradora lembra que quando adquiriram as casas lhes foi garantido que não iria ser construído mais nenhum prédio e adianta que pela vista os moradores pagaram mais 2 500 euros.Inicialmente, o terreno estava cedido à câmara municipal para a construção de uma variante, que entretanto não chegou a concretizar-se. Os terrenos voltaram, então, ao proprietário que manifestou o interesse de construir uma nova urbanização. Contra esta pretensão do promotor, os moradores já em 2003 entregaram um abaixo-assinado à autarquia e ao ministério do Ambiente.O novo projecto para a Quinta do Caniços foi apresentado na semana passada aos moradores pelo vereador do urbanismo João Luís Lopes. De acordo com o vereador, o novo projecto permite conciliar os interesses do loteador e dos moradores para que não lhes seja retirada a visão sobre o rio. João Luís Lopes explicou aos moradores que numa primeira fase a autarquia procurou reinstalar os edifícios. No entanto, adiantou que foi “impossível fazer a reinstalação de todos os edifícios”. Segundo explicou, na Quinta dos Caniços permanecem dois edifícios, mas em vez de serem dispostos em paralelo aos existentes seriam construídos perpendicularmente.O novo projectoO vereador do urbanismo referiu que esta solução continuará a permitir a visão sobre o rio, já que entre os dois prédios ficará um espaço amplo de 60 metros, espaço destinado a zona verde e à construção do parque infantil. O novo projecto contempla ainda um polidesportivo que será construído abaixo dos novos prédios, próximo da Estrada Nacional 10.A reunião aqueceu depois de o vereador apresentar a planta aos moradores que se exaltaram ao verificar que em vez dos dois edifícios referidos pelo vereador, a planta contemplava quatro. António Saraiva, um dos mais de 30 residentes presentes, acusou o vereador e a presidente da câmara de quererem iludir os moradores. João Luís Lopes garantiu que foi apenas um erro na forma de se referir ao projecto e que ele próprio poderá também ter induzido em erro a presidente da autarquia. No decorrer da discussão os moradores sugeriram, que sendo inevitável a construção, que os prédios fossem edificados no local onde está previsto nascer o polidesportivo, de forma a diminuir os riscos de vedar a vista a qualquer um dos prédios. O vereador do urbanismo garantiu aos moradores que iria estudar a sugestão, adiantando, contudo, não saber se será possível executá-la.Contactada por O MIRANTE, a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira afirmou compreender as preocupações das pessoas, mas lembrou o compromisso que a câmara havia assumido com o promotor. Quanto ao facto de no contacto com os moradores só se ter referido a dois prédios, Maria da Luz Rosinha referiu que tal foi por lapso. Para já, a autarca mandou suspender todos os trabalhos do promotor enquanto reanalisa o projecto. Maria da Luz Rosinha vai depois reunir novamente com os moradores. Sara Cardoso
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