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A evangelização segundo os padres cibernautas

A evangelização segundo os padres cibernautas

Igreja católica aposta na rede para espalhar a mensagem de Cristo

Os párocos da região já perceberam que é impossível viver sem Internet. Espalham a mensagem de Cristo por e-mail e usam o espaço virtual como um autêntico confessionário.

Vítor Gonçalves senta-se no escritório da paróquia, na zona mais antiga de Vila Franca de Xira. Em cima da mesa pousa um ecrã plasma. É o braço direito do pároco que no dia a dia utiliza as novas tecnologias para espalhar a mensagem de Cristo.Todas as semanas o sacerdote percorre o teclado do computador “À procura da palavra”. O texto da rubrica, que escreve semanalmente para o jornal da diocese, é reencaminhado para cerca de 300 contactos de e-mails que por sua vez espalham a mensagem de Cristo para outros conhecidos.O efeito bola de neve da comunicação já valeu ao pároco comentários que lhe dão alento para continuar a espalhar a mensagem cristã. “O artigo já chegou, por exemplo, até Timor por causa de um amigo que o leu e reencaminhou a outro, mas também já foi lido em Marrocos e no Brasil. Tenho tido ecos curiosos. Recebo comentários a dizer que o texto os ajudou muito esta semana”, diz o pároco que tem o artigo disponível na página Paróquias de Portugal (www.paroquias.org).O último desafio foi começar a gravar a mensagem em voz e disponibilizar um ficheiro de som na mesma página. “Conheço padres que conseguem ter quase um confessionário on line. Vão fazendo chegar a boa nova a vários sítios”, exemplifica.Vítor Gonçalves considera que S. Paulo foi um grande padroeiro da evangelização. “Ao seu tempo fazia viagens e escrevia cartas às comunidades. A Internet é um campo que dá continuidade aos actos dos apóstolos, que são no fundo as vidas das comunidades e os espaços para os debates”. Para o pároco Vítor Gonçalves a Internet é um lugar privilegiado para a evangelização, mas não substitui o encontro olhos nos olhos. “A experiência cristã é um contacto pessoal. Esse contacto pode não ser logo inicial, mas será numa segunda ou terceira vez”, descreve. Uma opinião partilhada por Carlos Ramos, pároco da vila de Pernes, Santarém. Para o padre a missa transmitida em directo na televisão ou difundida através da rádio desvendou já algumas das possibilidades que a Internet veio trazer. Na mesa de trabalho do pároco pousa um portátil que lhe serve para busca de informação, contactos e até conferências. A câmara de filmar, o microfone ligado ao computador e as centenas de contactos de mensagens instantâneas também potenciam a comunicação mais estreita entre paroquianos e outros amigos. Enquanto professor do ensino superior e coordenador do grupo de escuteiros da Junta Regional de Santarém é o próprio a incentivar o uso da Internet para pesquisa e busca de informação. “Um documento do Papa ou do bispo leva algum tempo até chegar às bancas. Na Internet isso encontra-se com alguma facilidade”, descreve o padre que também procura informação sobre a liturgia da palavra e experiências de outros padres. A Internet, tal como outras formas de comunicação, também pode ter um lado negativo quando utilizada em excesso, dizem os párocos. “Os meios de comunicação podem ser bons ou maus. Quando eles absorvem a nossa integração no real tornam-se maus porque tornamo-nos seus escravos. O que Deus mais quis for dar a possibilidade de nos libertarmos de tudo o que nos escraviza”, salienta Vítor Gonçalves. O pároco encara a Internet como uma janela para a vida. “Mas a nossa vida não se passa à janela. Passa-se saindo à rua. Saindo da própria casa. Sair de casa é sair de nós próprios”.Ana Santiago
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