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“Já peguei um toiro de caras”

Catarina Campos nunca faltou a uma Festa da Ascensão

Catarina Campos, actual directora do Centro de Emprego de Santarém, nasceu na Chamusca e não renega as suas origens. A festa brava está-lhe no sangue e até já pegou um touro de caras. Profissionalmente assume-se como uma mulher não acomodada. Pessoalmente vai adiando um projecto que quer concretizar – ser mãe.

Chama-se Catarina Campos, considera-se calma, ponderada e com “os pés bem assentes na terra” Actualmente ocupa o cargo de directora do Centro de Emprego e Formação Profissional de Santarém. Chamusquense de gema não renega a sua origem. Sente orgulho de cada vez que ouve falar na sua terra e só tem pena que nos últimos tempos a vila tenha saltado para as páginas dos jornais “pelos piores motivos”.Foi por amor que, no final do curso de Economia tirado na Universidade Nova de Lisboa, regressou à terra. As saudades falaram mais alto do que as oportunidades de trabalho que recebeu que a obrigariam a ficar na capital.Dez anos depois não está arrependida mas confessa que hoje teria ponderado melhor a sua decisão. “Gosto muito do que hoje faço mas financeiramente acho que poderia estar muito melhor se tivesse optado por seguir a minha carreira no sector privado. Na altura ponderei as oportunidades com a maturidade que os 22 anos me davam ” admite.Ponderação e calma são talvez as palavras que melhor definem a personalidade de Catarina Campos. Durante a entrevista, concedida na casa materna, a actual directora do Centro de Emprego e Formação Profissional de Santarém mantém uma postura serena. Não gesticula, não altera o tom de voz. As mãos mexem-se apenas para colocar atrás da orelha uma madeixa do longo cabelo castanho.Catarina confirma a nossa primeira impressão. “Não sou uma pessoa impulsiva, tenho os pés bem assentes na terra”, diz, atribuindo a sua postura ao seu signo, Virgem.A única “loucura” que se lembra de ter alguma vez cometido foi quando embarcou com uma amiga numa viagem de jipe pelo deserto do Egipto sem conhecer os dois árabes que as conduziam. A meio da viagem “caiu em si”, lembrou-se das histórias em redor da troca de mulheres brancas por camelos e só descansou quando o jipe a trouxe de volta ao hotel.“JÁ PEGUEI UM TOURO DE CARAS E DE CERNELHA”Nascer na Chamusca e não gostar da festa brava é quase uma heresia. Catarina é uma aficionada, gosta de ver os toiros na arena e até já pegou um de caras e de cernelha, numa festa do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, tinha então 15 anos.Gostar de toiros está-lhe no sangue. Desde pequena que se habituou a conviver com touros e touradas. O pai sempre teve uma ligação ao Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, o irmão Ricardo foi desde muito novo forcado nesse grupo. É uma participante activa na Semana da Ascensão, “do primeiro ao último dia”. Mesmo quando estava em Lisboa não dispensava a festa mais emblemática da vila ribatejana. Nem que fosse preciso fazer gazeta às aulas ou meter uns dias de férias. “Nunca me lembro de ter faltado a uma única quinta-feira de Ascensão”.É com “muita pena” que vê o evento deste ano com menor pujança. Porque “é uma festa muito bonita, reconhecida em todo o distrito, e que traz muita gente à Chamusca”, refere, salientando o facto de as forças vivas da terra já se terem movimentado no sentido de alargar o prazo da festa. “É pena que durante os anos anteriores não tenha existido esse espírito nas pessoas, se calhar a autarquia não tinha de agora chegar ao ponto de dizer que só pode financiá-la dois dias”.“Dói-lhe o coração” ver algumas coisas pertencentes ao património da autarquia serem vendidas em leilão. Outras acha que até são bem vendidas. “Há coisas que em outra «casa» teriam sido enviadas para o lixo aquando da renovação do equipamento, como as secretárias das escolas, por exemplo”, diz Catarina, ressalvando no entanto que “conhecendo o presidente da câmara não se estranha isso”.Catarina não está a criticar, pelo contrário, elogia a postura do presidente do município em conservar coisas que hoje rendem algum dinheiro em leilão. “É nessa perspectiva que temos de ver as coisas, porque o que poderia ter rendido zero se deitado ao lixo hoje está a render alguma coisa à autarquia, embora pelas piores razões”.O mau momento financeiro do município preocupa a economista, embora acredite que as coisas se irão compor. “A contenção que está a ser feita pela autarquia é um bom caminho, se calhar já devia era ter sido feita há muito mais tempo. Às vezes é preciso a corda rebentar para se tomarem medidas”, diz, adiantando ficar triste por ser por estas razões que fazem a Chamusca aparecer nos jornais e nas televisões.Margarida Cabeleira

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