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O homem que lhe morreu nas mãos

O homem que lhe morreu nas mãos

Presidente da Câmara de Azambuja recorda a feira de outros tempos

O presidente da Câmara de Azambuja não dispensa uma largada de toiros desde pequeno. O momento mais marcante foi quando um aficionado lhe morreu nas mãos.

Joaquim Ramos tinha apenas oito anos quando assistiu à espera de toiros debruçado na janela da Casa dos Abreus, onde é hoje o seu gabinete na Câmara de Azambuja. Acompanhado da mãe, o jovem autarca viveu naquele ano, durante a Feira de Maio, um dos momentos mais marcantes da sua vida.“Um homem que vinha a fugir do toiro formou um salto e agarrou-se ao parapeito da janela. Eu e a minha mãe ainda o tentámos puxar, mas não conseguimos. O toiro atingia-o nas pernas e o homem acabou por morrer-nos nas mãos. Foi um dia que nunca esqueci”, recorda o actual presidente da Câmara Municipal de Azambuja.Naqueles tempos, em que as tranqueiras, hoje de madeira, eram feitas de varas de eucalipto, o futuro autarca experimentou muitas vezes o perigo durante as largadas, o ponto mais esperado da feira.Aos 17 anos, a morte passou-lhe mesmo ao lado. No Largo do Município aguardava a largada de toiros com um grupo de amigos. Na altura, o edifício da câmara não era protegido com tranqueiras e o toiro decidiu investir contra os jovens. “Nós fugimos e o toiro rebentou a porta de entrada da câmara. Lembro-me de ter levado uma cornada que me fez saltar para o primeiro patamar. Foi a minha sorte”, conta.Aos 53 anos, Joaquim Ramos recorda com nostalgia os festejos que acompanhou desde muito cedo na terra onde nasceu e onde viveu até aos 18 anos, pouco antes de partir para a universidade, em Lisboa. A Feira de Maio era feita no Campo do Ribeiro, onde actualmente está a nova rotunda.“Recordo a excitação que era, para os miúdos, ver a colocação das primeiras tranqueiras, a antevisão do que seriam as largadas de toiros. E lembro-me de uma prática que hoje não existe. Pegávamos o toiro para o levar dentro da jaula que estava na camioneta, junto da Praça do Município”.A largada de toiros era o momento alto. A hora mais ansiada.. Quando acabava uma feira ficava a nostalgia, mas logo alguém lembrava que um ano não demora nada a passar.Um amigo de Joaquim Ramos, que não tem muita ligação a Azambuja, espantou-se um dia que na terra natal do autarca, mesmo nos actos mais espontâneos dos populares, estivesse sempre presente a tradição tauromáquica. “Ele passou pelo interior da vila e de repente um miúdo atravessou-se à frente. Parou o carro e buzinou. Enquanto que noutras terras as pessoas responderiam com insultos o miúdo fez-lhe um passo de peito! Acho que isto é bem característico da nossa tradição”, realça o autarca.
O homem que lhe morreu nas mãos

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