Depois de 11 anos de trabalho como operário da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Horácio Oliveira decidiu arriscar e ganhou a aposta.Criou uma sociedade com um colega de trabalho, António Simões Agostinho, e começou a construir um pequeno império. Hoje divide com a esposa a sociedade Hoviverde que se dedica à construção e manutenção de jardins e espaços verdes, sistemas de rega, higiene urbana e limpezas industriais.Horácio Oliveira e a Hoviverde são accionistas na sociedade que vai construir e explorar o projecto turístico que avança este Verão no Cabo de Vila Franca de Xira.Com um volume de negócios de 1,3 milhões de euros a Hoviverde emprega meia centena de trabalhadores e tem perspectivas de continuar a crescer. No dia 23 de Maio abre uma segunda loja de produtos para jardim e agricultura na Quinta da Mina, em Vila Franca de Xira.“Nunca me arrependi de ter sido trabalhador da junta. Foi uma escola e ajudou-me a crescer e a ser o que sou hoje”, refere com orgulho Horácio Oliveira. A conversa decorre na nova sede da empresa no Bom Retiro. Em frente estão várias árvores que Horácio plantou com a ajuda do seu amigo António. “Foi o nosso primeiro trabalho na junta”, recorda.Horácio ganhava 11.600 escudos mensais que trocou pelos 11.800 escudos que auferia nas montagens da fábrica da cerveja em Vialonga. “Estava mais perto de casa e era mais seguro”, justifica. Aos 17 anos, em 1981, teve de comandar um grupo de 60 trabalhadores que vieram do Fundo de Desemprego ajudar a reparar os danos causados pelas cheias na freguesia. “Ganhei uma grande tarimba porque lidei com todo o tipo de pessoas”, frisa.Natural de Vila Franca de Xira, orgulha-se de dizer que nasceu na Rua de Santo António na Barroca. Hoje vive numa quinta abastada na Loja Nova onde cuida das árvores e dos muitos animais que lá tem. Gosta de convidar os amigos para um petisco com uma garraiada no picadeiro da família, não dispensa os passeios de moto 4 com os dois filhos nem os fins de semana na casa do Algarve. Duas vezes por ano vai ao Brasil descansar durante 15 dias e retemperar energias. Este ano já conseguiu fazer termas.Horácio viaja num Volvo novo, preto e de alta cilindrada. Habitualmente, não usa gravata porque prefere a camisa desportiva e a calça de ganga. “Continuo a ser o mesmo homem. Os meus amigos mantêm-se”, acrescenta.O sócio fundador da Hoviverde, Vítor Santos, conhecido por Vítor Clariano, de quem se separou em 1996 por conveniência de ambos, é um dos amigos do peito. “Somos como irmãos”, frisa. Vítor ficou com o negócio ligado à agricultura e Horácio apostou nos espaços verdes.Dirigente associativo Com tanta ocupação e “dor de cabeça” ainda lhe sobra tempo para dedicar ao Grupo Desportivo e Cultural da Loja Nova onde já desempenhou quase todas as funções e é o actual presidente. O gosto pelo associativismo herdou-o do pai que também foi líder do clube. Horário procura transmitir esses valores ao filho que aos 20 anos é responsável pelo rancho folclórico. “Não é um rapaz destes tempos”, comenta com emoção.Horácio Oliveira confessa que já esteve tentado a aceitar um convite para a vida política, mas não aceitou por ser incompatível com actividade de empresário. “Um dia quando me reformar penso nisso”, remata.Os melhores clientes da Hoviverde são as câmaras e as juntas de freguesia. Para além dos espaços verdes e da higiene urbana no concelho de Vila Franca, a empresa já foi reconhecida pelo seu trabalho nos jardins públicos de Avis e Marinha Grande e dos arranjos exteriores das piscinas de Vila Franca e da Igreja dos Pastorinhos em Alverca, entre outros.A Hoviverde orgulha-se ainda de ter sido a autora da requalificação da entrada Norte da cidade de Vila Franca. Um cartão de visita aos olhos de milhares de pessoas que ali passam todos os dias.Nelson Silva Lopes