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Política nunca mais

Há cinco anos surpreendeu quando apareceu na lista do PSD para a Assembleia Municipal do Cartaxo. O que é que lhe deu para se meter na política?Pois, é uma boa questão. Se há coisas de que me arrependo, essa é seguramente uma delas. Não tenho problema nenhum em dizê-lo.Porquê?Fiquei muito desapontado com o ambiente de uma assembleia municipal e do que é ser, naquele caso, oposição. Eu nunca me manifestei, assisti apenas a algumas, poucas, sessões. E inclusive depois fui expulso por faltas não justificadas…Como é que você arranjou isso?Porque se calhar também não se preocuparam muito em que isso não acontecesse. O máximo de faltas creio que é de três e havia uma assembleia no 25 de Abril, que é solene, mas contou. Eu não estive porque andava a trabalhar. Houve uma logo a seguir em que também não estive. Já tinha falhado outra antes e acabei por ser expulso.Foi uma espécie de controlo anti-doping positivo, neste caso na política…Exactamente. Fiquei muito triste com isso. Não é que sentisse falta daquilo. Como disse, cada sessão da assembleia marcava-me muito.Era um sacrifício?Não. Mas as pessoas falam daquilo que lhes interessa e não daquilo que interessa à comunidade. E não está aqui em causa a cor política. Como têm uma determinada posição, muitas vezes, mesmo sabendo que não é a mais correcta, é a que têm de defender. E defendem-na de uma forma agressiva. Algumas pessoas conhecia-as fora dali e não achava que elas fossem assim. Transformam-se para más, para duras. Aquilo chocou-me um bocado.Saiu desiludido dessa experiência?Sim, por duas razões. Fiquei triste pela forma como fui afastado. E ao mesmo tempo, desde a primeira sessão, fiquei desapontado com as pessoas. Não com ninguém em especial, mas com a política. É uma experiência que até hoje me marca. Mesmo que pertencesse ao grupo maioritário acho que sentiria a mesma coisa.Não é uma questão de partidos?Não, não…Nunca pensou em filiar-se num partido?Absolutamente. Longe disso.Qual é a área de que ideologicamente está mais próximo?Durante a minha vida, se calhar pelo facto de em jovem me terem começado a levar para os países comunistas, não fiquei com grande impressão daquilo que vi. Lembrava-me muito o que já tinha passado na infância. As carências, as dificuldades. Eu estive na casa de uma família, nessa Corrida da Paz onde fui, que tinha a maior das boas vontades. Tentava que não nos faltasse nada, mas nós percebíamos que não abundava nada naquela casa. Era tudo contado. Os mercados não tinham nada à venda…Quer dizer que não é de esquerda?Acho que a esquerda muitas vezes tem razão. Tem posições óptimas, que eu defendo. Mas naquela época, enquanto miúdo, eu fugi um bocadinho disso. A minha área foi sempre entre PS e PSD, porque também me lembrava do que isto tinha sido antes do 25 de Abril.A propósito: onde é que estava no 25 de Abril?Curiosamente, estava aqui em Pontével. E nunca me esqueço que andava a trabalhar numa casa no Vale da Pedra. Porque nessa época fazia uma coisa e outra e andávamos a fazer uma instalação numa casinha que ainda existe.A electricidade ficou definitivamente arrumada desde essa época?Ficou.Tal como a política?Tal como a política. Mas eu da electricidade gosto muito e continuo a ter gosto em ver a evolução nessa área.Nunca mais se mete noutra, nem que seja aqui para a Junta de Pontével?Absolutamente. Tenho aqui os meus amigos e este ano até fiz parte da comissão de honra das candidaturas do PS para a junta e para a câmara. Neste caso do Paulo Caldas.Acha que o presidente da câmara tem feito um bom trabalho?Achei que tinha feito um trabalho interessante no primeiro mandato. Fiquei de alguma forma fã do presidente e da equipa dele porque trouxeram uma coisa que particularmente me tocava. Num concelho que tem vencedores da Volta a Portugal, que tem uma estátua no meio da cidade que lembra isso, há mais de 30 anos que a Volta a Portugal não vinha ao Cartaxo. E o dr. Paulo Caldas fez isso. Trouxe ao Cartaxo de novo a Volta a Portugal. Mas também há muita coisa que não me agrada…Que tipo de coisas?Tem a ver, por exemplo, com a escolha das equipas…

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