A calçada em frente ao W Shopping, um dos locais mais movimentados do centro de Santarém, passa a designar-se de “Selecção de 66”, em homenagem aos jogadores que conquistaram o terceiro lugar no Mundial de Inglaterra.Algumas centenas de pessoas, entre jovens e mais velhos, aguardaram cerca de 45 minutos além do previsto, num dia de forte calor, para verem Eusébio, Simões, José Augusto, Hilário e Peres. Rodeados de adeptos de várias idades, com blocos e canetas nas mãos à caça de autógrafos e munidos de máquinas fotográficas, os ex-jogadores chegaram aos poucos. Eusébio foi o último e o que mais atenção suscitou. Em representação de toda a selecção de 66, os cinco Magriços descerram uma placa que inaugurou a calçada. Uma forma de reconhecimento ao seu valor e feito histórico alcançado, mas também um estímulo à selecção portuguesa que vai participar no Mundial 2006 na Alemanha.Em declarações a O MIRANTE, Eusébio revelou que a visita de domingo à capital do Ribatejo não foi uma estreia. “Estou há 45 anos em Lisboa e tenho grandes amigos em Santarém, terra onde vinha como jogador da bola almoçar em bons restaurantes da região. Aqui come-se bem”, elogiou.Eusébio considerou fantástico e agradeceu o gesto do presidente da Câmara de Santarém em recordar, volvidos 40 anos, o feito dos Magriços. Os que já partiram para o outro mundo e os que ainda restam desses tempos de glória. O “rei” do futebol português acredita na qualidade da selecção que vai disputar o Mundial 2006 na Alemanha. “O primeiro jogo é como uma final. Se vencermos e com humildade dos jogadores e do grande técnico que temos acredito que vamos longe. Seria óptimo igualar ou ultrapassar os Magriços”, prognosticou Eusébio.O pantera negra não se compara com nenhum dos actuais jogadores. Prefere dizer que cada qual tem o seu lugar. “Maradona, Eusébio, Pélé, Simões, José Augusto, etc, o grupo é que conta”, assegurou.O antigo extremo do Benfica, Simões, apelidou de “estupenda e pioneira” a iniciativa de homenagear os Magriços num espaço público. “Um gesto extraordinário, para uma cultura que não reconhece os seus valores e que também serve de estímulo à nossa selecção”, afirmou.Simões considera que não há comparação possível entre os jogadores de há 40 anos e os que agora representam a selecção. “Os grandes jogadores tanto são protagonistas agora como há 40 anos, não é situação de uma época. Temos que os admirar pelos grandes serviços prestados à selecção apesar dos bons salários que auferem. E não os sacrificar se as coisas não correrem bem”, opinou.Por seu turno e em nome dos Magriços, José Augusto agradeceu o gesto de Santarém com os futebolistas que marcaram uma geração. Recordou a grandiosidade de Germano, já falecido, e de outros ex-jogadores, como Torres, o “Bom Gigante”, que se encontra doente.O presidente da Câmara de Santarém salientou o feito alcançado pelos Magriços e trouxe esse momento até ao presente como exemplo a transpor para o trabalho camarário.“São o exemplo de como um grupo de homens com sacrifício, entrega e sofrimento realiza um trabalho de equipa em prol de um ideal e ao serviço de um país”, realçou Francisco Moita Flores (PSD).O director geral do W Shopping, Miguel Kreiseler, enalteceu e considerou justa a homenagem à selecção de 66, que fica marcada junto à calçada em frente ao centro comercial, enquanto o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, Joaquim Evangelista, elogiou a justeza da iniciativa, promovida pela autarquia, shopping e sindicato.Ricardo Carreira