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Eleições realizadas no passeio

Eleições realizadas no passeio

Cimpor impede trabalhadores de reunirem no interior da empresa
“Democracia fica à porta da Cimpor/Teixeira Duarte”. Esta era a faixa que à entrada da Cimpor em Alhandra, no passado dia 24, expressava o descontentamento do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares do Sul e Regiões Autónomas pela decisão da administração da empresa de não autorizar a colocação das urnas no interior do edifício. Ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, a Cimpor não consentiu a realização das eleições para o sindicato no refeitório. Augusto Nunes, coordenador do sindicato, diz que esta decisão apanhou de surpresa a organização que acabou por ocupar o passeio junto à entrada da empresa para o acto eleitoral. “Nada nos dizia que a empresa fosse tomar esta atitude”, refere, condenando a empresa por “não nos permitir exercer um direito democrático”. Das 32 urnas espalhadas pela área de abrangência do sindicato, a Cimpor foi a única empresa que não autorizou a realização das eleições no interior do edifício, quer na fábrica de Alhandra, quer na de Loulé. Augusto Nunes adianta que o sindicato vai enviar um documento a comunicar a ocorrência à Assembleia da República e à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Com uma adesão às urnas de cerca de 80 por cento na unidade de Alhandra, Augusto Nunes diz que a posição da Cimpor levou a uma maior mobilização dos trabalhadores como “manifestação de repúdio em relação à atitude da empresa”. Entre os trabalhadores da Cimpor a indignação era a nota dominante. João Paulo afirma não compreender a razão que esteve na base da decisão da Cimpor. Trabalhador na empresa há 30 anos, sublinha o facto de “as eleições sempre terem decorrido normalmente.” Um outro trabalhador da Cimpor de Alhandra diz-se “naturalmente indignado” pela decisão da empresa. “Fala-se tanto em democracia e parece que não mudou nada desde o 25 de Abril”, acrescenta. Também Francisco Soares, na Cimpor há 28 anos, lamenta a posição da empresa, bem como o “desinteresse” de alguns colegas que “não reagem a esta retirada de direitos”. Contactada por O MIRANTE, a administração da Cimpor não quis comentar a decisão. Em declarações ao Jornal de Notícias, o director de comunicação da Cimpor disse que “as eleições não foram proibidas, apenas não se permitiu que ocorressem dentro das instalações da empresa”. Raul Caldeira referiu ainda que “são 34 sindicatos e de acordo com o código de ética da empresa, optou-se por não privilegiar nenhum, ao contrário do que os trabalhadores estavam habituados, porque os sindicatos têm as suas próprias instalações”, concluiu. O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares do Sul e Regiões Autónomas tem actualmente uma queixa-crime em tribunal contra a empresa. A acção foi apresentada, conjuntamente com outros dois sindicatos, pelo levantamento de processos disciplinares aos trabalhadores na sequência da greve geral de 2002 contra o pacote laboral. Entretanto, também a Cimpor interpôs uma acção em tribunal contra os sindicatos.
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