O Governo vai dar prioridade à construção de uma ponte sobre o Tejo em Abrantes, integrada no troço do IC 9 entre essa cidade e Ponte de Sôr, em detrimento de uma nova travessia mais a jusante na zona de Constância. Um projecto há muito reclamado pelos autarcas desse e de outros concelhos, que não gostaram de o ver relegado para segundo plano.As câmaras de Constância e de Vila Nova da Barquinha vão esperar para ver, mas admitem endurecer a luta caso se confirme essa pretensão. Uma das medidas a tomar pode passar pelo encerramento da velha ponte rodo-ferroviária entre Praia do Ribatejo (Barquinha) e Constância Sul, pelo menos a tráfego pesado.Há cerca de dois meses, a Câmara de Constância utilizou mesmo a anunciada construção de dois aterros para resíduos industriais perigosos no vizinho concelho da Chamusca para exigir a aceleração do processo com vista à construção de uma nova ponte na zona.Na deliberação, tomada por unanimidade a 5 de Abril, ameaçou-se proibir a circulação na actual ponte dos veículos pesados a utilizar nas obras dos aterros e, posteriormente, no transporte de resíduos, caso não houvesse um sinal positivo por parte do Governo. Que não se verificou. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações assume que irá ser dada prioridade à construção da nova travessia na zona de Abrantes, contrariando as expectativas dos concelhos mais a jusante. As intenções do Governo estão expressas na resposta a um requerimento do Bloco de Esquerda sobre a matéria.Recorde-se que a ponte ferroviária existente entre Praia do Ribatejo e Constância-Sul foi adaptada ao trânsito automóvel em 1988. O estreito corredor apenas permite o trânsito, alternadamente, num sentido. Situação que motiva regularmente engarrafamentos na zona e tem levado os autarcas dos dois concelhos a reivindicarem uma nova travessia.A construção de uma nova ponte faz parte de um estudo prévio promovido pela tutela mas “não consta no Plano Rodoviário Nacional (PRN)”. Pelo que o ministério tenciona dar prioridade à construção de uma ponte de ligação entre Abrantes e Ponte de Sôr.“Tendo em conta a maximização dos benefícios em face dos investimentos públicos envolvidos” parece “evidente haver uma redundância de efeitos” na construção das duas pontes “pelo que a prioridade deverá ser dada à construção do IC9”, refere o ministério.António Mendes diz que houve muitas obras feitas no país que não constavam do PRN. E acrescenta que a tutela “deveria aguardar que os estudos fossem feitos” para depois decidir a travessia pelo IC9 do rio Tejo que, para o autarca, teria mais lógica se fosse entre Tramagal e Constância, a meio caminho entre as duas actuais pontes. Pois, na sua óptica, serviria “90 por cento do trânsito que se dirige no sentido do litoral”, satisfazendo as necessidades da região.O presidente da Câmara de Constância acredita que o Governo ainda pode mudar a sua orientação e diz que o ministro ou o secretário de Estado poderão ter sido “mal aconselhados”. “A pressão do dia a dia naquela ponte vai acabar por dar razão a quem a tem e demonstrar que é prioritária a resolução do problema”, afirma.Já Vítor Pombeiro (PS), presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, sublinha que há “compromissos antigos de governantes até porque o projecto está em estudo de impacto ambiental”.E lembra que “aquilo que a ponte faz não é um serviço de âmbito municipal mas sim um serviço de ligação regional”, prometendo tomar diligências em breve depois de tomar conhecimento das conclusões de uma vistoria realizada na estrutura pelas Estradas de Portugal.O MIRANTE/Lusa