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Romaria à Senhora de Alcamé

Tradição vilafranquense remonta ao século XIX

A romaria de Nossa Senhora de Alcamé foi recuperada por iniciativa de Ana Serra há sete anos. No fim de semana a lezíria será invadida pela fé de campinos, lavradores e outros devotos.

Corria o ano de 1859. Os lavradores da lezíria de Vila Franca de Xira organizavam a primeira romaria a Alcamé. Para pedir mais um ano de colheitas férteis. Povo, fazendeiros e campinos vestiam-se a rigor para acompanhar a imagem de Nossa Senhora que seguia por rio e terra até ao local de culto.A romaria a Nossa Senhora de Alcamé resistiu até 1973 com várias interrupções pelo meio. Vinte sete anos depois a fotógrafa e antropóloga auto-didacta, Ana Serra, decidiu recuperá-la.Cruzou-se com a ancestral tradição vilafranquense durante as suas habituais pesquisas etnográficas. “É uma coisa que faz parte dos nossos antepassados. Era uma pena perder-se”, observa Ana Serra que recupera a tradição desde 2000.O objectivo da romaria, que este ano volta ao local original no próximo fim de semana, 17 e 18 de Junho, já não é agradecer mais um ano de colheitas. Mas preservar a tradição ancestral dos povos do campo e das margens do rio.É em Dezembro, quando sai para as ruas o almanaque “Borda-d’água”, que começam os preparativos para a Romaria de Nossa Senhora de Alcamé. O primeiro passo é a escolha do fim-de-semana de Junho, mês das festas da cidade, em que se irá organizar a romaria. A maré tem que estar de feição para permitir que o Barco Varino Liberdade atravesse o rio, explica Ana Serra, coordenadora do evento.Durante os meses que se seguem a descendente de campinos e varinos, amante das tradições, é quem convida as associações do concelho e participar. Ao longo da semana da romaria Ana Serra quase não dorme. Quase não come. “É isto que me alimenta, percebe?”, explica entusiasmada a fotógrafa e presidente do Rancho de Varinos de Vila Franca de Xira.Este ano é uma nova imagem de Nossa Senhora de Alcamé, que sai da Igreja Matriz S. Vicente de Mártir, no andor engalanado de flores às 19h30 de sábado, 17 de Junho. Padre, coros, acólitos e campinos acompanham a pé e a cavalo. O Barco Liberdade leva a imagem pelo rio. A junta de freguesia alugou também uma embarcação para garantir que a população acompanha a viagem de barco, repleto de luzes, até ao outro lado da margem. A chegada ao cais do Marquês, do lado de lá do Tejo, está prevista para as 21h00. A romaria segue até à ermida para recitação do terço. É um painel, feito a partir de uma foto tirada por Ana Serra em 1998 a pedido da Companhia das Lezírias, que ocupa o lugar do retábulo entretanto roubado da ermida. Grande parte da população acompanha a romaria. Fazem-se algumas promessas. Cumprem-se outras. Como nos tempos antigos. A Igreja de Alcamé está repleta de peças em cera e azeite que reflecte a religiosidade das gentes de Vila Franca.A Paróquia e a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira são os dois grandes apoios da romaria, que envolve também a câmara municipal e associações da freguesia. Desde o grupo columbófilo que larga pombos na altura do embarque no Barco Liberdade até aos coros que actuam dentro da Ermida.As sevilhanas, fanfarra dos bombeiros da castanheira, pescadores, desenhadores, pintores, actores de teatro, ranchos e fadistas também de associam ao evento, onde não falta até a típica bezerrada.Ana Santiago

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