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“A Académica é um milagre de sobrevivência”

Presidente do clube escalabitano diz que nunca houve uma política desportiva na cidade

A poucos meses de comemorar as bodas de diamante, a Académica de Santarém vive “presa” na falta de infra-estruturas para desenvolver as suas actividades. Faltam sobretudo campos de futebol para acolher os 300 miúdos que compõem as oito equipas do clube. Ainda assim os resultados desportivos e sociais são bem animadores.

A Associação Académica de Santarém (AAS) é um dos clubes com maior historial de todo o distrito de Santarém e uma das grandes referências quando se fala de futebol de formação.Prestes a completar 75 anos – foi fundada em 5 de Outubro de 1931 – tem como principal obstáculo ao seu desenvolvimento a falta de infra-estruturas. Para se ter uma ideia, este ano o clube teve cerca de trezentos atletas inscritos nos vários campeonatos jovens da Associação de Futebol de Santarém, mas tem apenas um campo para treinar as oito equipas de competição.“Só não vamos para patamares mais altos e não disputamos campeonatos com o Sporting, Benfica e Belenenses porque não temos equipamentos para isso. Chegámos a ter quatro equipas a treinar ao mesmo tempo na Escola Agrária de Santarém, com o campo dividido em quatro”, refere o presidente do Clube, Arnaldo Vasques, agradecendo as facilidades que os responsáveis da escola concedem. “ Se nos fecharem a porta a Académica terá muitas dificuldades em continuar com o seu trabalho”, acrescenta.A falta de condições para trabalhar leva o dirigente a afirmar que a Académica é um milagre de sobrevivência e que só com o empenho de todos tem sido possível continuar a formar atletas e homens.Do poder político que tem orientado os destinos do concelho a Académica só tem recebido promessas que, por uma razão ou por outra, nunca passam disso mesmo. No anterior executivo havia um projecto de construção de dois campos sintéticos, um dos quais ficaria para a Académica, mas com a eleição do actual executivo o projecto parou. “Não fomos ouvidos nesse acto nem sabemos o que vai acontecer. Era uma âncora de salvação para não continuarmos a ser os coitadinhos mas agora não sei o que vai acontecer”, lamenta o presidente da Académica que no entanto afirma que o problema não é de agora pois “nunca houve uma política desportiva na cidade”.“Convido quem gosta de desporto e critica tanto que as crianças vêem muita televisão e não estudam para irem ver o que é cento e tal miúdos a jogar num campo onde nem se consegue respirar com tanto pó. Ouvi recentemente alguém com responsabilidades dizer que havia na cidade campos suficientes, era preciso era geri-los bem. Eu só pergunto onde é que eles estão”, questiona.Apesar da falta de condições, todos os anos saem jogadores da AAS para clubes de maior nomea-da e até no escalão de Escolas os jovens já são assediados, prova do bom trabalho que se faz. “Na Academia de Alcochete foram prestar provas 704 miúdos de todo o país para formarem a equipa de Escolas do Sporting. Ficaram 7 para o apuramento final e desses 3 são jogadores da Académica de Santarém”, releva Arnaldo Vasques com indisfarçável orgulho.“Alguns são marotos e não nos pagam o que deviam. Tivemos um guarda-redes júnior que foi para o Beira Mar e nem uma camisola nos deram, tivemos outro que foi para o Braga e inscreveram-no pelo clube satélite para não pagarem nada”, acrescenta, revelando que nos vários campeonatos seniores, desde a Liga de Honra até aos distritais, há mais de 80 jogadores em actividade que passaram pela formação da AAS.Esta época a Académica de Santarém foi vice-campeã distrital de juniores e juvenis e campeão distrital de escolas. Esteve em metade das finais dos campeonatos distritais.Uma das razões para este sucesso é o empenho de todos os dirigentes e treinadores. A Académica de Santarém tem uma política rigorosa na selecção dos técnicos que tomam conta dos vários escalões.A estrutura do futebol do clube tem 24 pessoas e no que se refere aos treinadores ou são licenciados com a vertente da área desportiva ou têm o respectivo curso de treinador. Além disto, a esmagadora maioria passou pela Académica como jogador, o que faz com que todos estejam imbuídos na filosófica do clube.O ano passado o clube remodelou toda a estrutura e colocou à frente da escola um gestor – José Galvão – que é responsável por toda a organização da secção de futebol. “Ele não precisa de saber de futebol. Tem é de escolher as pessoas certas para os lugares certos”, refere Arnaldo Vasques.

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