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Bombástico Manuel Serra d’Aire

Não sabia que também tu pertencias à horda de peregrinos que enxameia as nossas ruas todos os dias à noitinha, não a caminho de Fátima mas de um qualquer milagre que se traduza na perda de meia dúzia de quilos.Confesso que já tive tentado a entrar nessas excursões, mas não tenho paciência para tanta conversa de mulherio, tanto cão a rosnar-me às canelas, tanta bosta a colar-se às sapatilhas. Optei antes pelo ginásio. É mais asséptico e posso dizer-te que em termos de resultados é uma maravilha. Vi uma tipa que era uma autêntica Moby Dick transformar-se em dois meses numa espécie de Merche Romero, mas sem Cristiano Ronaldo atrelado. O que só a favorece, diga-se de passagem…Manel, quero aqui fazer uma homenagem pública à lagarta do pinheiro, esse injustiçado bicharoco que responde no B.I. por processionária e que é apontado como o grande flagelo dos tempos modernos agora que a gripe das aves foi de férias.O bicho é feio como cornos e tem o hábito suspeito de fazer comboios com a rapaziada da mesma espécie. Mas daí a culpá-lo por todas as comichões e faltas de ar que andam a assolar os nossos adolescentes e crianças é demais. Este fenómeno obriga-me a reconhecer que a malta de hoje é mais astuta e imaginativa quando se trata de arranjar pretexto para se baldar à escola. Principalmente em época de pontos. No meu tempo éramos obrigados a medidas mais radicais e com consequências bem mais perigosas caso dessem para o torto. Nessa época pós-revolucionária aproveitávamos a agitação que se vivia para lançar falsos alertas de bomba. Curiosamente, tal como a lagarta do pinheiro, também as ameaças das FP 25 e quejandas eram sazonais. Na altura de testes e exames era um ver se te avias. Havia escolas que já nem ligavam. Se houvesse mesmo lá bomba, fosse o que Deus quisesse. Não prevendo, temerariamente, que Deus não nos devia ter em grande conta na época em que isto estava quase entregue aos comunas.Aí, meu caro, se fossemos apanhados com a boca na botija, nem Nosso Senhor nem a múmia de Lenine nos safava. Era expulsão da escola na certa e um arraial de porrada assim que puséssemos os pés dentro de casa. De certeza que não éramos absolvidos como os putos que de repente ficaram todos doentes em Guimarães na véspera dos exames e que se safaram graças a uns benfazejos atestados médicos.Somos o país da treta, mas de vez em quando há alguém que nos surpreende. Como o nosso Presidente Cavaco, que arrumou com a lei da paridade para bem de todos nós. Só que foi-se essa alarvidade e logo surgiu outra, que é a da avaliação dos professores pelos pais.Não sei o que é que pensas disso, mas eu, que sou um tipo experiente na matéria, acho mal. Aquilo dá cabo de um homem. Ainda eu não era pai, aliás era um simples estudante do secundário, e já avaliava a classe docente de forma empenhada. Lembro-me de avaliar e reavaliar de forma tão exaustiva uma professora de Físico-Química que me esqueci do resto e ainda hoje tenho dificuldade em memorizar o símbolo químico do potássio.Se a ministra me vier pedir para fazer uma perninha na avaliação a bem da nação, posso aproveitar esse conhecimento empírico adquirido com os anos. Mas aviso desde já que as coisas têm de ser feitas mais pela rama – um fim de semana no Algarve deve chegar - e só aceito para avaliação professoras entre os 20 e os 40 anos, mediante entrega prévia de fotografia de corpo inteiro em fato de banho. Porque não gosto de chumbar ninguém…Saudações educativas do Serafim das Neves

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