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A professora que queria ser artista de circo

Helena Costa é uma apaixonada pelo desporto e pelo ensino
Quando era ainda uma menina de escola, Helena Costa sonhava em ser artista de circo. Ouvir os aplausos do público enquanto completava uma qualquer pirueta. Mais tarde, porque brincava com carrinhos de rolamentos e não abdicava de uma partida de futebol ou de um agradável mergulho no rio, começou a ser chamada de “Maria rapaz”. Não se importava. A mesma atitude que teve quando percebeu que queria ser professora de educação física. Lutou contra tudo e todos para atingir um objectivo que na altura não era visto com bons olhos.“Há cerca de 37 anos, dizer que se queria ser professora de educação física era uma tragédia. Eram chamados os professores do pinote. Além disso, naquela altura, ir para Lisboa tirar um curso na faculdade não era uma coisa muito normal”, conta Helena Costa.Mesmo assim foi em frente e conseguiu concluir o curso. Hoje é proprietária de um ginásio em Torres Novas e continua a dar aulas de educação física numa escola da mesma cidade. Começa o dia às 08h00 da manhã e nunca janta antes das 23h00. Um ritmo alucinante que só consegue manter porque, aos 52 anos, continua apaixonada pela profissão.“Adoro ensinar e gosto muito de estar com os jovens. E poder aliar a prática desportiva ao ensino é um privilégio muito grande. Tenho a certeza que, se tivesse outra vez 17 anos, voltava a escolher esta carreira”, diz a professora.Durante a semana, passa os dias entre a escola e o ginásio. São horas a fio dedicadas ao desporto. Na escola, o grande objectivo é cativar os alunos para as mais diversas actividades. No ginásio, a grande dificuldade é quebrar tabus e fazer ver às pessoas que a actividade física é uma aposta na saúde.“Infelizmente ainda há muita gente que pensa que só os gordos ou os ricos é que frequentam o ginásio. E nós vamos tentando diariamente alterar essa mentalidade e mostrar-lhes que o desporto é sinónimo de qualidade de vida”, diz Helena Costa.Mas, como explica a professora, as palavras não bastam para convencer o público a manter-se fiel ao ginásio. É preciso também ter a capacidade de oferecer-lhes novos desafios. É por isso que Helena Costa está constantemente atenta às novas modalidades de fitness que vão surgindo e não se deixa acomodar ao lado do que já sabe.“Nesta área é importante investir muito na formação, porque temos de conseguir acompanhar as novidades e estão sempre a surgir novas modalidades. Eu faço uma média de seis formações por ano e actualmente já comecei a ir ao estrangeiro à procura de coisas novas. Estou sempre à procura de mais qualquer coisa”, conta.Com uma energia contagiante, Helena Costa tenta ser sempre um exemplo para aqueles que a têm como referência. Mantém-se activa, em boa forma física e de bem com a vida. E, apesar de já não se arriscar a fazer um mortal, continua a acompanhar com facilidade as actividades dos alunos.“Há muito pouca coisa que eu não faça. Posso não fazer com a mesma intensidade, mas faço na mesma. Já não faço a avaria de dar cinco aulas seguidas aqui no ginásio, mas jogo andebol com os miúdos durante quarenta minutos sem me cansar. E continuo a manter um ritmo muito activo, porque gosto muito do que faço”, conta a professora.E quais são as modalidades que mais gosta de praticar e ensinar? Helena Costa opta por responder ao contrário: “Prefiro dizer as que não gosto, que são o basquetebol e o futebol. Mas isso não quer dizer que seja menos exigente nessas modalidades. Pelo contrário, esforço-me ainda mais. De resto, gosto de tudo”.E do que mais gosta é mesmo do contacto com os jovens, a quem não dispensa alguns conselhos. É por isso que, apesar de ser apaixonada pela profissão, neste momento não consegue aconselhar os alunos a seguir o mesmo caminho, “porque, quase de certeza que vão parar ao desemprego”. Ainda assim, deixa o alerta para aqueles que lhe querem seguir os passos: “Normalmente, quem pensa em seguir esta carreira é porque gosta de praticar desporto. Mas é preciso ter em conta que praticar é muito diferente de ensinar. Para se ser professor de educação física é preciso saber transmitir muito bem um saber. E, às vezes, podem ser muito bons desportistas, mas não serem bons professores”, remata Helena Costa.Carla Paixão

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