O espírito familiar que se vive no Team Baeta, uma equipa de BTT, com sede em Abrantes, que é uma das melhores do pelotão português, não chega para continuar a praticar a modalidade.Farto de lutar “contra moinhos de vento”, e desiludido com a escassa ou nula importância que a Federação Portuguesa de Ciclismo dá à modalidade, Jorge Baeta, o grande impulsionador da equipa, resolveu terminar a actividade da equipa no final da época.“É uma medida muito triste que foi muito difícil de tomar, mas face ao desinteresse da federação pela modalidade, não havia outro caminho a seguir”, justificou Jorge Baeta, um homem que há oito anos anda a movimentar toda a estrutura da equipa, que tem conseguido grandes êxitos para o desporto ribatejano.Nesta época que está a chegar ao fim, o Team Baeta conseguiu mais uma vez ser campeão por equipas no Campeonato Nacional. Entre os seus atletas também houve campeões individuais. Ricardo Ribeiro foi campeão nacional de elites, João Pereira foi campeão de sub-23 e Catarina Anastácio campeã em sub-19 femininos.Na Taça de Portugal, Tiago Dias foi o vencedor e João Pereira foi segundo em elites. Na categoria de juniores, Nuno Segundo foi o primeiro. E na Categoria de sub-19 femininos, Catarina Anastácio foi a vencedora. Colectivamente a equipa conseguiu um excelente segundo lugar.“Estas vitórias acontecem graças ao excelente grupo existente. Somos uma autêntica família, onde toda a gente - atletas, treinadores, dirigentes e familiares - ajudam. Mas com uma organização de provas sem qualquer nexo, sem publicidade e sem visibilidade é muito mais difícil chegar aos patrocinadores, e as dificuldades são quase impossíveis de superar”, garantiu desiludido o “patrão” da equipa.Jorge Baeta confessa que sempre foi optimista, e na sua longa luta de oito anos sempre conseguiu arranjar maneira de levar a equipa por diante. Mas agora e face ao desinteresse da Federação na modalidade, os apoios ficaram reduzidos à verba atribuída pela Câmara Municipal de Abrantes. “O que é manifestamente pouco para manter a equipa em competição”, frisa.Segundo Jorge Baeta, o BTT foi sempre visto ao nível da federação como uma modalidade menor, e por isso não poupa os dirigentes nacionais, que segundo diz só vêm o ciclismo de estrada, esquecendo o trabalho efectuado pelas equipas de BTT, ignorando por completo o seu desenvolvimento. “Posso dizer mesmo que nesta altura estamos pior do que há oito anos atrás”, refere.Todos os anos há promessas de melhorar e desenvolver a modalidade. “Mas ao que infelizmente se assiste é a haver cada vez menos gente a praticar provas de BTT, e por isso começo a pensar que é tempo perdido continuar a apostar na modalidade”.Crítico, Jorge Baeta garante que na federação parece que toda a gente está contra o BTT, e até a empresa Multimix, a quem foi entregue a organização das provas, mostra um grande desinteresse. “Como é que podemos ver uma modalidade a evoluir, se quando abrimos um jornal desportivo a seguir às provas não vemos uma única palavra sobre o BTT, ou quando se marcam provas para a mesma hora de outros eventos, como aconteceu na Taça de Portugal, antecipada de domingo para sábado, para a hora do Portugal – Inglaterra, do Campeonato do Mundo de Futebol, e que por isso não tinha ninguém a ver a prova”, questiona o dirigente do Team Baeta.“Não posso admitir que a Federação ande há 15 dias a perguntar aos meus atletas se querem ir ao Campeonato da Europa, quando nem sequer houve qualquer estágio, ou qualquer outra conversa para preparar essa participação”, acrescenta.Apesar de ter decidido acabar com a equipa, Jorge Baeta não quer desamparar os atletas. “Já comecei a tentar arranjar-lhes colocação ao nível do ciclismo, e dois dos nossos melhores corredores - Tiago Dias e João Pereira - já integraram o pelotão da Volta a Portugal do Futuro em ciclismo de estrada. Os restantes sabem que contam com a minha ajuda até ao fim”, completa.