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Energético Serafim das Neves

Adoro as guerrinhas dos Museus. Adoro todas as guerrinhas de capelinhas mas as dos Museus são o máximo. São a nata das guerrinhas. São óptimas para o fígado, para a tensão alta, para o colesterol, para a diabetes. Divertem-me mais que dez parelhas de palhaços a tropeçar em sapatos gigantes. E não fazem vítimas porque só são disparados tiros de pólvora seca. Estou aqui com um sorriso de orelha a orelha porque acabei de ler notícias da guerrinha do Museu do Ar que é em Alverca mas que vai deixar de ser em Alveca. Uma questão aérea como se percebe. Um Museu do Ar que se preze tem as suas asas. E quem tem asas deve voar. A excepção são as galinhas e outras aves sem brio. O museu vai para Sintra mas os responsáveis estão dispostos a dar um rebuçadito à terra que abandonam. Enfim, compreende-se. É como quando deixamos uma mulher para ir para os braços de outra. Dá-nos um apertozito no coração. Uma vontade de fazer uma festinha na bochecha chorosa daquela que vai ficar só. No caso de Alverca a Força Aérea dispôs-se a dar-lhe um pólo. Não um Pólo Norte, nem um Pólo Sul, nem mesmo um Polilon mas um Pólo do Museu do Ar. Um prémio de consolação. A tal festinha na bochecha por onde corre a lágrima triste de quem tudo perde.Claro que o pólo não era dado assim à toa. Ninguém dá nada a ninguém nos tempos que correm. O Pólozito tinha custos. Para já, para já, vinte e cinco mil euros para a pintura de um avião. A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, mulher madura, encheu o peito de ar, reprimiu a lágrima triste da partida e recusou a festinha na bochecha. O vereador Rui Rei do PSD fez birra. Ele quer um consolo. Um afago. Um Pólozito de Museu a que se agarrar nos momentos de solidão que se seguirão à ida do Museu do Ar para Sintra.Rui Rei quer uma queijadita de consolação para afogar mágoas e mostrar ao povo que os malandros não conseguiram extirpar de todo o museu à terra sagrada de Alverca. Mesmo que isso custe umas massas. Vinte e cinco mil euros, agora, outros tantos amanhã ou mesmo o dobro daqui a três dias.E está instalada uma guerrinha museológica. Das tais que me alegram porque não fazem vítimas apesar do estardalhaço das declarações, acusações, comunicados, moções e manifestos. Um museu, Serafim, é um local onde só vão miúdos das escolas pastoreados pelas professoras em alturas de visitas de estudo. E mesmo esses vão porque são obrigados. Como sabes um bom português não põe os pés num museu depois de acabar a escolaridade obrigatória. Não lhe fica bem. Não dá prestígio. E até pode provocar doenças porque nos museus portugueses há sempre montes de pó. É claro que fica sempre bem um gajo visitar um museu no estrangeiro. Dá algum “status” dizer que se visitou o Prado ou o Louvre, ou a National Galery, por exemplo. Mas quem é que cai na asneira de dizer, numa roda de amigos, que visitou o Museu do Ar?! Quem?! Olha, eu uma vez distraí-me e disse que tinha ido ao Museu dos Coches. O que eu fui dizer. Nunca mais tive um convite para ir a lado nenhum. O pessoal vai ao futebol, à tourada, ao strip-tease e nunca me diz nada. Um dia perguntei ao Quim se andavam zangados comigo. Sabes o que ele disse. “Eh pá, como tu és assim meio intelectual a malta evita incomodar-te com estas merdas”. Assim mesmo Serafim. Agora vê lá tu só o que pode acontecer a um Rui Rei?!!! Deves ter estranhado eu não te falar nos assuntos do teu último e-mail. A culpa é tua. Aquela fotografia que veio em anexo tirou-me a vontade de ler. E não penses que foi por causa da menina estar de rabo ao léu. Eu quero lá saber disso. O que me intrigou foi o chapéu-de-chuva amarelo. Fiquei cá a pensar: “Mas se nós estamos no Verão onde é que o malandro do Serafim andou para apanhar uma chuvada assim?”Um abraço bem enxuto do Manuel Serra d’Aire

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