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Uma família com história e muitas histórias

Mariana Viegas tem um orgulho evidente na sua família. Na que lhe resta e na que já partiu. Cresceu numa família com posses. O pai, António Lopes, foi dono da maior alfaiataria de Lisboa, “embora não soubesse pregar um botão”. Esteve na génese da urbanização da Amadora e do novo nome para uma terra que se chamou até 1907 Porcalhota. O seu nome está perpetuado na toponímia local. Tal como o do seu irmão Álvaro.Eram oito irmãos, muitos deles com histórias de vida notáveis. O irmão António foi o fundador e alma do “Mosquito”, célebre jornal de banda desenhada que fez furor há cerca de 70 anos e onde Mariana colaborou. Álvaro foi campeão do mundo de hóquei em patins em 1947 ao lado de lendas do desporto com Jesus Correia e os irmãos Serpa. Augusto tem o seu nome na Cinemateca Portuguesa, por ter inventado um aparelho para sonorizar os filmes portugueses. Uma irmã foi freira franciscana. Outra foi pianista.Mariana era a mais nova da família. O que lhe valeu um afecto suplementar. Com o irmão António envolveu-se na feitura do Mosquito, sendo responsável por um suplemento para meninas designado A Formiga. Assinava com Tia Nita e dava conselhos nas páginas do jornal às fãs que lhe pediam conselhos. “Pensavam que eu era uma respeitável senhora de família, mas tinha apenas 18 anos”.Com o irmão Álvaro desenvolveu o gosto pela patinagem, tendo integrado a primeira equipa feminina de hóquei em patins de que há memória. Andou sempre à frente do seu tempo. Desbravou caminhos, aprendeu árabe e sânscrito porque gostava de desafios. Veio para Santarém depois de casada. Uma cidade fechada onde continuou a cultivar a sua paixão pela arte, mas já de uma forma menos activa. Conheceu o marido, Francisco Pereira Viegas, na escola pública na Amadora. Namoraram nove anos até casarem. O farmacêutico veio parar ao Ribatejo através dos negócios da família. A sua mãe tinha lá uma farmácia. Homem respeitado e conhecido pela sua frontalidade, foi presidente da comissão administrativa que geriu a Câmara de Santarém depois do 25 de Abril até às primeiras eleições autárquicas.A filha, Hélia, seguiu as pisadas da tradição familiar paterna e enveredou pela actividade farmacêutica. O filho, António Mário, que para o país ficou imortalizado como Mário Viegas e que para Mariana Viegas era o António, herdou a sensibilidade da mãe. E decidiu ser actor. Um artista multifacetado que a mãe vai recordando com regularidade através dos múltiplos registos em que ficou perpetuada a sua obra.

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