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Vila Franca empenhada em revitalizar a festa brava

Vila Franca empenhada em revitalizar a festa brava

Empresários e autarcas querem ajudar a encher a praça

A falta de condições nas praças, o lobby anti-taurino e a falta de uma cultura arreigada na geração mais jovem têm afastado a população da festa brava em Vila Franca de Xira.

“Porque é que vai tão pouca gente à praça de Toiros Palha Blanco?” A pergunta foi deixada no ar pela presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, durante um jantar na Quinta Municipal da Subserra, em Alhandra.Na noite de quarta-feira, 27 de Setembro, a autarca juntou à mesa politicos, empresários e actores do mundo tauromáquico para discutir a melhor forma de dar novo fôlego à festa brava.A autarca vilafranquense garante que é cada vez mais evidente o desinteresse no espectáculo que noutros tempos costumava encher as bancadas da praça da cidade. “No colete encarnado temos sempre muita dificuldade em distribuir os bilhetes para as corridas mesmo quando são de graça”, ilustrou Maria da Luz Rosinha, que está decidida a ajudar a inverter a actual situação.Os empresários sentem igualmente na pele a influência dos lobbies anti-taurinos. “Depois de patrocinar uma corrida de toiros recebi alguns telefonemas de empresas a dizer que deixariam de ser nossos parceiros se continuássemos a dinamizar este tipo de iniciativas”, exemplificou o director geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio.Para o empresário da praça de toiros de Vila Franca de Xira, António Manuel Cardoso, o problema prende-se também com os próprios condicionalismos de trânsito e estacionamento que impedem muita gente de ir às corridas. “Da última vez que fui ver uma corrida de toiros deixei o carro na zona alta, junto ao cemitério, o que não é muito agradável sobretudo para pessoas de uma certa idade”, reforçou o vereador do PSD de Vila Franca de Xira, Rui Rei. O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira, proprietária da praça, mostrou-se disponível para parcerias no sentido de melhorar o espaço, mas não são só as condições físicas que ditam o afastamento da tradição.A falta de uma cultura tauromáquica arreigada entre a geração mais jovem também distancia a população. “Aos seis anos lembro-me de ir com o meu pai ao campo ver os toiros. Hoje faço isso com o meu filho, mas sei que a maioria dos pais não o faz”, analisa Miguel Santos, empresário e presidente da Acis – Associação do Comércio e Indústria dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos, que defende que já que os toiros não podem ir à escola, podem ser os próprios meninos a visitar as quintas.No primeiro encontro foram apenas lançadas algumas questões para reflexão. Mas houve também quem aventasse uma solução. Para o jornalista António Lázaro, o segredo pode residir nas mulheres.“Há tempos apareceu um tal matador Gregório Garcia de boa condição física - de que os jornais contavam muitas histórias – que acabou por levar milhares de mulheres às praças. As praças enchiam-se de mulheres. E os homens iam atrás”. Mais do que levar mulheres à praça o ganadero José Palha considera fundamental recuperar a competição entre toureiros que fazia brilhar os homens na arena e encher as bancadas nas tardes de festa.Estátuas desproporcionais e toiros sem qualidadeAs vozes mais críticas sobre o rumo que a festa brava tem tomado em Vila Franca de Xira vêm dos próprios protagonistas – os toureiros. Mário Coelho foi uma das vozes de censura que se ouviu no jantar de quarta-feira que reuniu à mesa empresários, autarcas e agentes do mundo tauromáquico. “Onde é que já se viu um empregado das obras da câmara ir ao campo comprar toiros?”, questionou em tom de indignação o antigo toureiro que não se conforma com as dimensões de algumas estátuas apresentadas na cidade.“Quem fez parte de uma comissão que pôs uma estátua na rua com um toureiro de 2,40 metros com uma desproporcional capota de 80 centímetros”, perguntou, lembrando que é necessário imprimir rigor à festa mesmo ao nível das artes plásticas.O toureiro Víctor Mendes pediu a dignificação de festa em detrimento dos interesses instalados. “Vila Franca de Xira tem condições naturais que estão aproveitadas aquém do que seria desejável”, garantiu.Museu tauromáquicoainda não passou do papelO desenvolvimento do projecto do museu tauromáquico de Vila Franca de Xira, colocado na gaveta há três anos, é tão pertinente como o do museu do neo-realismo já implementado. É esta a opinião de Helena Guerra, presidente da Fundação Álvaro Guerra. “Apresentei-o informalmente à senhora presidente da câmara e ainda não foi discutido”, lembrou Helena Guerra no final do jantar com empresários e agentes culturais do concelho organizado pela Câmara de Vila Franca de Xira.Helena Guerra, viúva do embaixador, escritor e jornalista Álvaro Guerra, explica que se trata de um projecto ambicioso, que pretendia superar o âmbito ibérico, abrangendo além do país vizinho também o sul de França. A dirigente da fundação lembra ainda que no Campo Pequeno está prestes a nascer um projecto semelhante o que poderá inviabilizar a criação do mesmo tipo de estrutura no concelho. A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, considera que haverá sempre espaço para um projecto do género em Vila Franca. Sublinha no entanto que apesar do projecto integrar o programa eleitoral ainda não houve oportunidade para o desenvolver.
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