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Metade dos trabalhadores sofre mais de um acidente laboral

Diz um estudo realizado em Portugal
Quase metade da população com deficiências provocadas por um acidente de trabalho voltou a sofrer novos acidentes, de acordo com o maior estudo realizado em Portugal sobre a situação das vítimas de sinistros laborais.Intitulado "Estudo de uma amostra de sujeitos com deficiência adquirida por sinistro de trabalho em Portugal", o trabalho, que foi apresentado sexta-feira no Senado da Assembleia da República, foi realizado este ano por uma equipa do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).Durante os primeiros seis meses do ano foram inquiridas 815 pessoas, que estavam inscritas na Associação Nacional de Deficientes Sinistrados no Trabalho (ANDST). De acordo com os resultados do inquérito, "44 por cento dos inquiridos teve dois ou mais acidentes em contexto laboral". Ou seja, os investigadores detectaram uma "elevada taxa de reincidência" de sinistros, que os leva a afirmar que "as ocorrências não são por si só factores preventivos".Já entre os indivíduos que frequentaram cursos de formação profissional a taxa de reincidência de sinistros é "significativamente menor", assumindo a formação "um factor preventivo por excelência".De acordo com uma das investigadoras, Maria José Aleixo, quase metade da população inquirida (48 por cento) tinha apenas até ao quarto ano de escolaridade, 28,5 por cento tinha até o segundo ciclo ou frequência do terceiro ciclo e apenas 13,3 por cento tinha o nono ano completo.A grande maioria da amostra deste estudo era masculina (81 por cento), razão pela qual uma das conclusões se prendeu com uma "incidência desproporcionada de acidentes de trabalho em sujeitos do sexo masculino" (90 por cento).As indústrias da madeira/cortiça e metalúrgica, assim como o sector da construção civil, destacam-se como as actividades onde se registam mais acidentes: 70 por cento. A amputação de dedos, mãos ou membros é o diagnóstico mais comum entre os sinistrados (33 por cento), sendo a duração média de internamento hospitalar de 71 dias.No que respeita à duração das baixas médicas provocadas pelo acidente, a média ronda um ano, sendo que na maioria dos casos (86 por cento) as pessoas regressavam ao mesmo posto de trabalho.Prevenção: prioridade aos homensJá no que toca à resolução dos processos judiciais de determinação de incapacidade, o estudo concluiu que em média ronda os 20 meses, mas quando é pedida revisão, o processo demora mais de três anos (em média 37 meses).O estudo detectou ainda que, além da incapacidade, os acidentes de trabalho provocam depressões a cerca de 33 por cento dos inquiridos. "A percentagem de sujeitos clinicamente deprimidos é alarmante", sublinhou Maria José Aleixo, acrescentando que menos de metade das pessoas com problemas psicológicos recorreu a auxílio especializado.Perante este quadro, a equipa de investigação apresenta algumas directivas para alterar a situação, como dirigir as acções de prevenção de acidentes de trabalho e de requalificação profissional, prioritariamente aos homens.Incrementar as habilitações literárias dos trabalhadores é outra das sugestões do estudo que sublinha o facto de quase metade da população inquirida ter somente a quarta classe.De acordo com o Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, mais de 3.600 trabalhadores foram considerados doentes profissionais em 2005, dos quais mais de 1.500 foram declarados incapacitados.Dados europeus divulgados no ano passado revelaram que em cada cinco segundos ocorre um acidente profissional na União Europeia e um trabalhador morre em cada duas horas.Lusa

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