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O perigo de viver numa casa em ruína

Família do Entroncamento arrisca-se a ficar soterrada

O prédio com o número 39 da rua Luís de Sommer está em risco de ruir. O soalho está podre, os tectos abaulados pela infiltração de águas e a casa de banho tem apenas um lavatório e uma sanita partida.

Paus de madeira seguram precariamente os barrotes podres. As telhas foram tiradas por Carlos Pascoal, com receio que a madeira não aguentasse o peso por muito mais tempo e viesse tudo abaixo. “É melhor andar à chuva que arriscarmo-nos a ficar aqui soterrados”.Há três anos a Câmara do Entroncamento, depois de ter recebido um relatório da junta de freguesia e da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do concelho, fez uma vistoria ao edifício e classificou a casa como “ruína”. A proprietária foi notificada para fazer obras, mas até à data nada fez.Desde essa altura as condições de habitabilidade do edifício degradaram-se ainda mais. No rés-do-chão já não mora ninguém, depois de começarem a cair pedaços de madeira do primeiro andar, onde habita Calos Pascoal, a mulher Conceição e Bráulio, o filho com 15 anos.No compartimento de entrada, que serve de sala, Carlos Pascoal levanta uma placa de platex junto à porta que dá para o anexo agora sem telhas e mostra os buracos deixados pelo soalho podre. Quem não conhece os cantos à casa tem de dar cada passo com cuidado. Para não correr o risco de uma queda até ao rés-do-chão. Viver ali é um risco diário. A cozinha já não é utilizada por não apresentar as mínimas condições de higiene e segurança. Conceição Pascoal faz as refeições num pequeno anexo, onde cabe o fogão, a mesa e pouco mais. A casa de banho, do lado contrário, tem apenas um pequeno lavatório e uma sanita partida. Os banhos são tomados num alguidar.A família reza para que a chuva tarde. Porque se a sua situação não for resolvida até ao Inverno a passagem para a cozinha e casa de banho tem de ser feita de chapéu-de-chuva aberto. “É melhor andar à chuva que o telhado nos cair em cima”, diz o inquilino, apontando para os barrotes podres.Nos quartos o panorama não é mais animador, apesar de aparentarem menor risco. Os tectos são em platex, cheios de humidade e abaulados pela sucessiva infiltração das águas da chuva. A instalação eléctrica é rudimentar, com fios soltos, constituindo também um perigo para os residentes.A família Pascoal vive naquele primeiro andar há 27 anos. Começou a pagar mil escudos (cinco euros) de renda e actualmente desembolsa mensalmente 22,90 euros. Nunca faltou com uma prestação. Nunca viu a proprietária fazer qualquer melhoramento no edifício. O MIRANTE tentou falar com a proprietária, que reside em Lisboa, mas até à data de fecho desta edição tal não foi possível.Margarida Cabeleira

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