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Clarividente Manuel Serra d’Aire

Não sei se já sabias mas há uma equipa olímpica de cozinha no nosso país que até vai ser apresentada em Santarém, durante o Festival Nacional de Gastronomia. Mas não fiquem já com água na boca as moçoilas mais afoitas ou os rapazolas mais abichanados: não se trata de garbosos e musculados atletas que em trajes reduzidos tentam praticar desportos inverosímeis como o lançamento de perus recheados ou esgrima com colheres de pau. Estes atletas batem-se em modalidades como a confecção de um bom lombo de veado, um camarão salteado ou um gratinado de batata com queijo de cabra. Só é pena que as olimpíadas se fiquem pela cozinha e pelos cozinheiros. Que não seja dada oportunidade ao povoléu para apreciar com todos os sentidos (designadamente o gustativo) as suas brilhantes jogadas. Porque razão ninguém arranja uma competição à mesa para podermos mostrar os nossos dotes de comensais? Uma espécie de olimpíadas dos lateiros. Eu candidatava-me já a uma medalha de ouro nas modalidades de carapaus fritos com arroz de tomate ou na do leitão à Bairrada. Nem o vitalício presidente da Região de Turismo do Ribatejo, Carlos Abreu, me levava a palma! E se o homem é batido nessas coisas…Só que os cozinheiros olímpicos vão actuar só para alguns. Nessas almoçaradas do Festival de Gastronomia em vez de darem de comer a quem tem fome - o que seria desde logo um ponto a favor da organização na hora do juízo final -, entregam as opíparas iguarias a gente engravatada e cheia de fastio. Malta sem tarimba para se sentar à mesa de uma tasca, que tem vergonha de comer sardinha à mão e deixa metade na borda do prato. Antes gritava-se “a terra a quem a trabalha”. A minha costela revolucionária reclama “a gastronomia a quem tem dentes para a comer”. Como é o meu caso, passe a imodéstia.Aliás, já ficava satisfeito se me convidassem para um dos folclóricos jantares de sexta-feira 13 que se realizam um pouco por todo o lado. Mas até nisso tenho azar. A bruxa mais chegada que tenho é a minha madrinha do crisma e nem essa me convida para jantar. Eu que nem acreditava em bruxas, agora tenho a certeza que as há. Ai há, há…Basta ver o que anda a acontecer em Alpiarça. Só um concílio de bruxas pode estar por detrás de acontecimentos sinistros como os que têm acontecido nos últimos meses. Que vão desde o desaparecimento de cofres a consultas a sites pornográficos em plena câmara até a carros de políticos incendiados ou com pneus cortados, a que se acrescenta o misterioso fogo numas arrecadações da mesma autarquia. Cruzes canhoto!Se não andassem bruxas à solta por esta região alguma vez eram fechados uns quantos restaurantes por falta de condições de higiene e segurança na cidade de Fátima? É que não estamos a falar de uma cidade qualquer. Fátima é Fátima! A terra dos milagres onde até dizem haver um exorcista afamado. Só mesmo bruxedo de grande calibre conseguiria produzir uma coisa daquelas perante entidades de prestígio como a Nossa Senhora e a corte de padres que por lá vive. E como cereja no topo do bolo, que dizer das quatro carrinhas de venda de pão que o zeloso superintendente da polícia Levy Correia apreendeu em Fátima em pleno 13 de Outubro por não terem licença? Meu amigo, se os milagres ainda tivessem a força de outrora pelas bandas de Fátima, alguém havia de safar os pobres vendilhões do templo e transformar o pão em rosas. Até porque há precedentes na nossa História. Como tal não aconteceu, só me resta acreditar que andam bruxas à solta para destruir a reputação do afamado comércio local.Saudações místicas do Serafim das Neves

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