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Mãe acusa Hospital de Vila Franca de negligência

Criança de dois anos foi infectada com bactéria

A criança de dois anos salvou-se, mas pode ficar com mazelas para o resto da vida. A mãe acusa o hospital de negligência e falta de cuidados de higiene. O inquérito não detectou más práticas nem falta de zelo.

Sónia Lopes, residente em Benavente, acusa o Hospital Reynaldo dos Santos em Vila Franca de Xira, de negligência. A mãe de um menino de dois anos critica a forma como o filho foi atendido na unidade e acusa o hospital de não seguir as normas de higiene. Quando no início de Março Sónia Lopes deu entrada com o filho Gonçalo Ribeiro no Hospital Reynaldo dos Santos estava longe de imaginar o que se ia seguir. No dia seis, segunda-feira, a criança de dois anos deu entrada no hospital com uma gastroenterite permanecendo internada “por um ou dois dias por precaução”. Hoje, Sónia Lopes é peremptória ao afirmar: “foi o meu erro”.Segundo relata a mãe do Gonçalo, depois de ter registado melhoras nos primeiros três dias, o menino “começou a ter febres muito altas”. Na manhã de sexta-feira chegou a atingir os 40 graus, sintomática que as enfermeiras atribuíram à gastroenterite. Sónia Lopes não ficou, no entanto, convencida por o pequeno Gonçalo já não ter diarreia e pediu para fazerem análises “mas não prestaram atenção”. Para exemplificar o que considera ser a “incompetência” da equipa hospitalar, Sónia Lopes lembra ainda o episódio em que “durante duas horas duas estagiárias e uma enfermeira picaram o Gonçalo oito vezes para pôr o soro até que chamaram finalmente a enfermeira chefe”. No sábado, 11 de Março, a febre continuava alta e o ritmo cardíaco da criança alterado. A mãe lembra que por “várias vezes lhes pedi para verem o que se passava, mas não ligaram. Diziam que o ritmo alterado era da febre e uma das enfermeiras chegou a dizer que se ele se queixava era porque era maricas”.Ao final da manhã de sábado, uma nova médica foi ver o bebé e mandou fazer análises “porque achou o menino muito queixoso”, de acordo com Sónia Lopes. Algumas horas depois “a médica veio-me dizer que o estado clínico do menino era muito grave, que já não tinha a ver com a gastroenterite”.O Gonçalo foi então ligado a várias máquinas à medida que o seu estado clínico se agravava chegando inclusive a sofrer uma taquicardia. “Entrei em estado de choque, nunca pensei passar o que passei. Sentir que podia perder o meu filho a qualquer momento”, recorda Sónia Lopes.Ainda durante a madrugada de domingo o Gonçalo foi transferido para o Hospital da Estefânia, em Lisboa, por o Reynaldo dos Santos não reunir as condições necessárias. Na unidade hospitalar de Lisboa, depois de novas análises, Sónia Lopes foi informada que o pequeno Gonçalo tinha sido infectado por uma bactéria, a klebsiella oxytoca, que se alojou no coração. Este microorganismo provoca sérias infecções e pode ter sido adquirido através de tratamentos invasivos, como o soro.O menino de dois anos passou três semanas nos cuidados intensivos, onde lhe foram adminis-trados fortes doses de antibióticos para combater a bactéria. De acordo com a mãe, o tratamento pode ter provocado mazelas na audição, o que só saberá depois dos exames que vai realizar no final do mês de Outubro.“Foram incompetentesa vários níveis”Hoje Sónia Lopes diz-se uma mãe “inconformada” que quer “avisar os outros pais para as condições do hospital de Vila Franca onde iam deixando morrer o meu filho”. Sónia aponta falhas às regras de higiene do Reynaldo dos Santos, onde, diz, “passam apenas a esfregona uma vez por dia, não desinfectam as camas convenientemente nem limpam as banheiras dos bebés, pelo que vi nos dias em que lá passei”. As críticas vão também para a actuação da equipa de médicos e enfermeiros que os atenderam durante o internamento. “Foram incompetentes a vários níveis, não tendo sequer detectado desde logo a infecção”, refere. Por considerar que houve negligência por parte do hospital a mãe do menino de dois anos exigiu à administração do Reynaldo dos Santos que apurasse responsabilidades.Numa carta enviada no passado mês de Agosto a Sónia Lopes, a directora clínica do hospital, Ana Alcazar, refere que “pela análise pormenorizada efectuada, (…) não se identificaram más práticas, faltas de atenção ou zelo”.Quanto à bactéria hospitalar que infectou o pequeno Gonçalo, Ana Alcazar frisa que estas “são complicações que pretendemos evitar a todo o custo”, acrescentando, no entanto, que um hospital é “um meio potencialmente infeccioso”. O MIRANTE tentou obter mais esclarecimentos junto da direcção clínica e administração, mas não obteve respostas até ao fecho desta edição.A resposta enviada a Sónia Lopes não lhe agradou, a mãe da criança continua a defender que houve negligência. “Com o meu filho nunca mais entro naquele hospital”, remata. Sara Cardoso

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