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Grandiloquente Manuel Serra d’Aire

Tens toda a razão: o respeitinho é muito bonito. E para alguns então pede meças em beleza à minha musa Cindy Crawford, que apesar de rondar os 40 continua em grande forma. Eu sei bem o que é isso do respeitinho pois ainda na semana passada o senti na pele. Um leitor não gostou das minhas dissertações sobre os fenómenos de Fátima - que de modo algum quero comparar aos do Entroncamento – e vai de insinuar que fiz chacota com a fé das pessoas. Ora tal coisa nunca me passou pela cabeça. Se há pessoas que acreditam nos milagres de Fátima, e digo-o com todo o respeito, sou eu. Apenas sugeri que já não há milagres como antigamente e que forças ocultas andam a minar aquele chão sagrado. Agora duvidar de milagres em Fátima eu nunca duvidei. Sou aliás testemunha deles. E aí vão alguns para amostra. Afinal que outra terra poderia ir sacar nesta altura do campeonato sete (7) milhões de euros aos esmifrados cofres do Estado para obras na cidade? E que outra cidade poderia dar tanta projecção nacional ao comandante distrital de Santarém da PSP? Sim, porque nos dias das grandes peregrinações o comandante Levy aparece mais vezes nos telejornais que o presidente do Benfica. Graças a Fátima, é o comandante da PSP mais conhecido no país. E que localidade se pode gabar de milagres como os da multiplicação dos carteiristas e das imagens sagradas made in China? Fico-me por aqui, pois acho que não é necessário referir mais exemplos para consagrar Fátima como a capital dos milagres.Sim, porque hoje em dia terra que se preze tem que ser capital de qualquer coisa. Cartaxo é a capital do vinho, Golegã é a capital do cavalo, Rio Maior é a capital do desporto, Alcanena a capital dos curtumes, Vila Franca a capital da festa brava, Tomar a capital dos templários, Almeirim a capital da sopa da pedra, Alpiarça a capital do terrorismo, Chamusca capital do lixo e por aí fora, para não ser fastidioso.Mas quem as bate a todas aos pontos é Santarém. Para além de ostentar títulos como capital do gótico, capital da gastronomia, capital da agricultura e capital do Ribatejo, aquela que foi também recentemente apodada como capital da liberdade pode hoje apropriar-se com todo o direito de ser a capital dos pendões. Porque não há poste que não tenha o seu pendão lembrando aos indígenas e forasteiros que na cidade há liberdade para viver, para aprender, para comer e dormir, para tirar macacos do nariz e até para ornamentar postes com pendões.Inspirado Manel, tenho andado a cismar com a história da nova cozinha, tão apregoada ultimamente que até já tem entrada no paraíso dos enfarta-brutos que é o Festival de Gastronomia. Acho que estão a invadir o território de bárbaros como eu, em nome de um estranho evangelho em que lateiros como eu não se revêem. É preciso que se note que não percebo nada de culinária. Mas parece-me que alguns desses grandes chefes perdem demasiado tempo a ornamentar os pratos. E depois a servir deixam muita loiça à mostra. Como diz o nosso compadre Fanã, fundamentalista do bacalhau com grão a transbordar do prato, aquilo é muito bonito mas sabe a pouco. E é verdade. Recordo sem grande saudade uma experiência num restaurante de hotel onde tive de proceder a aturadas buscas para encontrar no prato a posta de bacalhau anunciada e a que julgava ter direito. A quantidade que me serviram seria alvo de levantamento de rancho num qualquer jardim-de-infância. E o que paguei dava para comer três feijoadas numa daquelas tascas que conhecemos.Saudações pantagruélicas do Serafim das Neves

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