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Benefícios sociais do montado de sobro devem ser pagos

Problemas dos sobreiros e da cortiça debatidos em Coruche

O montado contribui para a biodiversidade e para o ambiente e no entender dos responsáveis do sector isso deve ser apoiado pelo Estado.

A rentabilidade do montado de sobro foi um dos temas de destaque do primeiro Encontro do Sector Corticeiro que decorreu sábado, 28 de Outubro, em Coruche. As mais valias para o ambiente e populações destas explorações deviam ser pagas como forma de tornar o sector mais atractivo ao investimento. Já que só ao fim de 70 anos é que um produtor consegue pagar os custos de implantação de um montado. O presidente da Associação de Produtores Florestais do Concelho de Coruche (APFCC), Miguel Teles Branco, sublinhou que os “produtores de cortiça produzem outros bens que não apenas a cortiça e que não são valorizados pelo mercado”. Dando como exemplos a produção de oxigénio, a contribuição para a biodiversidade, a beleza dos montados, a defesa dos recursos hídricos. Que classificou como custos sociais. E sublinhou que está nas mãos do poder político a resolução desta questão.Esperançado numa solução está o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), que informou no decorrer do encontro que já comunicou ao ministro da Agricultura, Jaime Silva, os problemas sentidos pelos produtores. Realçou que o governante lhe comunicou que está a ser preparada uma nova política para o montado e uma legislação própria. “Há uma nova sensibilidade política para esta fileira e até foi criada uma comissão parlamentar para as questões do sobreiro e da cortiça”, reforçou. Na iniciativa, que reuniu 150 pessoas, foram ainda abordados os problemas da regeneração, do abandono das propriedades e da mortalidade das novas plantações. No concelho de Coruche, segundo um estudo encomendado pela APFCC, morrem 80 a 120 árvores por hectare. O problema pode estar relacionado com as alterações climáticas, que têm vindo a prolongar o período de calor fazendo com que as árvores entrem em stress hídrico, vaticinou João Santos Pereira, presidente do conselho científico do Instituto Superior de Agronomia. Mais optimista está a indústria transformadora. António Amorim, presidente da Associação Portuguesa de Cortiça, sublinhou que as fábricas investiram nos últimos anos como nunca e que foi introduzido um código de boas práticas para garantir uma crescente qualidade. Foi desenvolvida uma nova rolha de aglomerado de cortiça com um tratamento para evitar a introdução de sabores no vinho. E previu que outras aplicações da cortiça, como os pavimentos, têm potencial de crescimento. Para o futuro, António Amorim diz que é necessário fazer um esforço na aposta cada vez maior na qualidade, que passa também pela certificação dos montados de sobro. E alertou para os benefícios de se usar este produto “natural e ecológico”, anunciando que vai ser feita uma campanha de marketing na França e na Alemanha a promover a cortiça.

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