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“Obrigaram os agricultores a viver de subsídios”

“Obrigaram os agricultores a viver de subsídios”

Alfredo Orvalho, presidente da direcção da Agrotejo, crítico do actual modelo de apoio

O presidente da Agrotejo diz que os agricultores gostavam de não ter de depender dos subsídios atribuídos pelos políticos. E lamenta que os projectos de emparcelamento liderados pela associação ainda não se tenham concretizado.

O que é que a adesão de Portugal à União Europeia veio mudar na agricultura da região e do país?Veio obrigar-nos a viver de subsídios. Não fomos nós que pedimos, foi-nos imposto. Em 1987 o valor do milho era de 42 escudos (cerca de 21 cêntimos) e actualmente é de 28 escudos (cerca de 14 cêntimos). Portanto sem subsídios a cultura não é viável e não temos preços para competir. Seria possível uma agricultura sem subsídios?Hoje é completamente inviável. Antigamente davam-se subsídios às indústrias para estas poderem pagar mais pelos produtos aos agricultores e venderem mais barato ao consumidor. Defende esse modelo antigo?Os subsídios aos agricultores aumentaram a carga burocrática e os custos de distribuição das ajudas. A máquina que o Estado montou para pagar os apoios é uma loucura. Nós gostaríamos de não ter subsídios nenhuns, de sermos livres, de não dependermos dos políticos e da sua vontade que pode variar de ano para ano. Em que fase estão os projectos de emparcelamento desenvolvidos pela Agrotejo?Temos o projecto de emparcelamento da Golegã, que abrange muitos agricultores que chegam a ter 20 parcelas distantes umas das outras. O estudo prévio arrancou em 2000 e o projecto em si em 2002, tendo que estar pronto este ano. E temos o de Pinheiro Grande e Carregueira (Chamusca) que teve início em 1987 e que está parado. Previa para além do emparcelamento diversas obras, tudo num investimento de 6,5 milhões de contos (cerca de 32 milhões e 500 mil euros). O que é que aconteceu?O projecto era caro e havia necessidade de o reformular. Também não conseguimos que fosse aprovado pelo Ministério da Agricultura. Retirámos algumas obras como o da rega comum sob pressão alimentada pelo Tejo e um dique de defesa das cheias. Conseguimos reduzir o valor para cerca de dois milhões de contos (10 milhões de euros). E depois de ter sido apresentado novamente ao ministério estamos há três anos à espera de resposta. Mas também foi difícil convencer os proprietários a aderir. Houve alguma contestação…Isso foi meia dúzia de pessoas e a questão não era tanto por discordarem do projecto. Era mais uma questão de oportunismo. Queriam ficar mais bem servidos do que outros. Ainda acredita que o projecto venha a ser implementado?Temos ideia que o poder político não tem vontade de implementar o projecto. Que resolveria um problema de dimensão das propriedades que são tão pequenas que não se tornam rentáveis. O Estado comprou cerca de 90 hectares em 56 parcelas para que se facilitasse o emparcelamento e esse investimento não está a ser usado nem rentabilizado. É o próprio Estado que está a dar o exemplo do abandono dos campos e da agricultura.
“Obrigaram os agricultores a viver de subsídios”

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