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IPPAR não tem dinheiro para salvaguardar Fórum Romano de Tomar

IPPAR não tem dinheiro para salvaguardar Fórum Romano de Tomar

O Instituto Português do Património Arquitectónico aprovou, em Maio, o projecto de reenterramento do Fórum Romano, em Tomar, como medida de salvaguarda do monumento. Seis meses depois volta atrás e diz já não ser uma prioridade.

Há seis meses o director regional do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Flávio Lopes, aprovou o caderno de encargos para o reenterramento do Fórum Romano, em Tomar, monumento classificado de interesse público. O valor base da obra era de 50.434, 47 euros, mais IVA.Seis meses depois, o IPPAR recua e deixa cair o projecto. Questionado por O MIRANTE sobre o ponto de situação das obras, o IPPAR diz agora “não haver condições orçamentais para avançar”.Estranho é justificar a sua decisão com o facto de “não haver risco de degradação rápida dos bens, nem perigo iminente para as pessoas”. Isto quando na origem da aprovação para o caderno de encargos que visava o reenterramento estava precisamente a salvaguarda do monumento no seu todo.Em relação ao perigo para as pessoas ele não é realmente iminente, mas existe. O monumento, situado por trás do quartel dos bombeiros municipais, está há anos ao abandono cheio de mato e detritos. “Funciona quase como uma lixeira dentro da cidade”, refere Salete da Ponte, arqueóloga do Instituto Politécnico de Tomar que, juntamente com o arquitecto Rui Serrano, tem pressionado o município a tomar uma atitude em relação ao seu estado de degradação.Foram eles que apresentaram um projecto de musealização do espaço à câmara e avançaram com o pedido do seu reenterramento como forma de salvaguardar o monumento. O Fórum Romano tem sido uma dor de cabeça para o presidente do município, António Paiva (PSD). O monumento está localizado num terreno privado, cujos proprietários pretendem ali construir um projecto imobiliário. Talvez por isso o autarca seja cauteloso quanto ao futuro do monumento. “Vamos aguardar pela concretização do plano de pormenor daquela zona, só depois poderemos fazer alguma coisa”, refere, adiantando que o que for decidido será feito no âmbito do Projecto Polis. “Não só o fórum mas toda aquela zona, nomeadamente a envolvente à igreja de Santa Maria dos Olivais”.Sobre os constrangimentos financeiros do IPPAR António Paiva não se pronuncia, salientando apenas que o projecto poderá ser incluído no próximo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). “Neste momento não há dinheiro, por isso tem de se esperar pelo próximo QREN para se avançar com uma candidatura, independentemente de quem for o seu promotor”.Quem também se mostra cansado da situação é um dos proprietários do terreno onde o monumento está situado. Augusto Fernandes diz que há 25 anos que o seu pai, entretanto falecido, apresentou na câmara um projecto imobiliário para o local. E que só falta aprovar o projecto de estabilidade, devido ao facto de o rés-do-chão ter um pé direito de 3,5 metros, “exactamente para poder comportar o Fórum Romano”.Uma vez que o projecto não anda nem desanda, os proprietários chegaram já a propor à autarquia a compra do terreno. “A câmara chegou a avançar com a possibilidade de uma permuta por um espaço situado nas Avessadas, que nós recusamos por o local não ter ainda um plano de pormenor”. Uma negociação que o presidente do município se escusa a comentar.Margarida Cabeleira
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