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Ciclópico Manuel Serra d’Aire

Fiquei estupefacto com a ingenuidade dos alunos da Escola Secundária de Azambuja. Caramba, jovens com 16 e 17 anos que já têm idade para saber o que é uma pílula e um preservativo, que navegam pela Internet como nem Vasco da Gama cirandou pelo mundo, tinham obrigação de saber ao que iam quando visitaram a Assembleia da República. É para isso, para os preparar para o pior, que servem os pais e os professores, gente com outra experiência de vida. Assim o choque seria menor.Os miúdos ficaram indignados por terem visto durante a discussão do Orçamento de Estado os deputados no seu habitat natural a fazerem aquilo que sempre fizeram – conversas e risos, jogos de telemóvel e computador, leituras de jornais e revistas de decoração e até, vejam bem, incumprindo regras e horários (vá lá que desta vez não apanharam ninguém dormir). Aquela menção ao facto do deputado Santana Lopes ter chegado às onze e saído ao meio-dia é perfeitamente redundante e reveladora de algum ressabiamento. Provavelmente quem controlou o deputado gostaria de ter um horário escolar semelhante. Pois é: a inveja é o desporto preferido dos portugueses.Não sei o que os cândidos estudantes de Azambuja estariam à espera de encontrar, mas seria pretensiosismo a mais da sua parte pensar que os deputados iam deixar de fazer aquilo que sempre fizeram só por estarem nas galerias a ver o espectáculo. Isso sim, seria grave e pouco sério. Ao comportarem-se como habitualmente, os nossos parlamentares revelaram uma inusitada postura de coerência cuja ausência tantas vezes é criticada aos políticos.E como se não bastasse toda essa ingenuidade, os jovens estudantes em vez de comerem e calar e de jurarem a pés juntos nunca mais porem os pés em semelhante local, ainda resolveram escrever uma carta ao presidente da Assembleia da República a fazer queixinhas. Um erro crasso e um gasto de papel que era perfeitamente dispensável numa época de crise. Ainda não repararam que o doutor Jaime Gama também é deputado, meus caros. E já há muitos anos. Acham que vai ter tempo (e paciência) para ler as vossas considerações. Ainda por cima reveladoras de uma injustiça atroz para vítimas inocentes que não se podem defender. Sim, porque ao dizerem, e passo a citar, que “uma tribo indígena da Amazónia é mais civilizada que alguns deputados da Assembleia da República” estão a colocar os pobres índios sul-americanos num patamar que não merecem. Bem lhes basta já a sina de terem de andar de tanga faça chuva ou faça sol. Não sei se os referidos índios já tiveram conhecimento da vossa exposição, mas uma coisa vos garanto: se fosse comigo levavam um processo em cima por difamação. Isso não se faz!Destemperado Manel, não me posso ir atirar novamente às rabanadas natalícias sem deixar aqui registada a minha admiração pela sanha fiscalizadora da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Uma entidade que se atira a tudo o que mexe, desde restaurantes chineses a tascas manhosas passando por restaurantes de nomeada, festivais de gastronomia e até barcos de pesca. Com uma entidade destas o nosso país vai entrar finalmente nos eixos, vais ver. Quando forem as próximas eleições vamos ter finalmente quem fiscalize a qualidade das listas dos vários partidos concorrentes. E estou mesmo a ver já vários figurões da nossa praça a serem confiscados por terem ultrapassado o prazo de validade. Vai uma aposta?Um abraço festivo e votos de umas boas entradas do Serafim das Neves

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