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Esquerda apela ao “sim” ao aborto em Vila Franca e Alverca

PCP e BE promovem debates com médicos que defendem opção das mulheres

A lei actual prevê uma pena de prisão de até três anos para as mulheres que recorram ao aborto, situação que os movimentos pelo sim consideram “inaceitável”.

A um mês do referendo à despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), a esquerda política portuguesa escolheu o concelho de Vila Franca de Xira para iniciar a campanha pelo “sim” no referendo. O Bloco de Esquerda (BE) promoveu uma sessão pública em Alverca na passada quinta-feira, dia 11, e Carlos Carvalhas, do PCP, esteve presente no Clube Vilafranquense, na noite seguinte, onde uma plateia de cerca de meia centena de pessoas ouviu os argumentos do ex-líder partidário a favor do “sim” no referendo.A sessão promovida pelo BE, que juntou cerca de quinze pessoas no quartel dos Bombeiros Voluntários de Alverca, contou com a presença da deputada do BE na Assembleia da República e representante do movimento Voto Sim, Cecília Honório, do médico António Nunes Diogo e de Diana Póvoas e Daniela Pires, médicas e representantes do movimento Médicos pela Escolha. Os homens foram os elementos mais activos da plateia, colocando questões como a garantia do anonimato da mulher que recorre ao aborto num hospital público ou os procedimentos usados nesse acto.Cecília Honório frisou que “nenhum dos movimentos pelo sim é a favor do aborto, nenhum de nós quer um aborto para si, para a sua vizinha, amiga ou familiar”. “Mas sabemos que há inúmeras situações em que a escolha é essa e as mulheres têm que ser respeitadas por essa escolha”, acrescentou a deputada. A lei actual prevê uma pena de prisão de até três anos para as mulheres que recorram ao aborto, situação que os movimentos pelo sim consideram inaceitável. “Ao último referendo seguiu-se um roteiro de vergonha nos tribunais deste país, um espectáculo que julgávamos impossível na democracia portuguesa”, disse Cecília Honório. A médica Diana Póvoas lembrou que “uma mulher pode estar a fazer contracepção e mesmo assim engravidar” e sublinhou que, caso o aborto seja legalizado até às 10 semanas, pode ser feito com comprimidos, sendo que uma caixa desses comprimidos não chega a custar 10 euros, não havendo, portanto, “grandes custos para o Serviço Nacional de Saúde”.No Clube Vilafranquense, para além de Carlos Carvalhas, esteve também como convidada Tânia Mateus, mandatária nacional da associação “em movimento pelo sim”. Em declarações ao O MIRANTE, a mandatária considerou ser “fundamental mudar a lei actual que é injusta, inadequada e não reconhece a realidade”. Tânia Mateus acrescentou ainda que “despenalizar não é impor a vontade de ninguém”. Em relação à preocupação da legalização vir aumentar a taxa de abortos, Tânia Mateus considera que “as mulheres não são levianas, não vão banalizar o aborto”.Na sessão que reuniu cerca de cinquenta pessoas, na maioria idosos, o ex-secretário geral do PCP, Carlos Carvalhas, lembrou que o seu partido sempre foi “um dos mais destacados e persistentes protagonistas políticos nesta causa” e que o que está em causa neste referendo “não é se os eleitores aprovam o aborto mas sim se devemos continuar a criminalizar as mulheres”. Carlos Carvalhas lançou duras críticas à campanha levada a cabo pelos movimentos do não que considera “mentirosa” e “hipócrita” e acrescentou que “os apoiantes do não estão a alimentar o negócio do aborto clandestino”. Para o deputado do PCP, este é, neste momento, “o combate principal do PCP, que envolve todo o partido”.Em ambas as sessões foi lembrada a necessidade de, independentemente da intenção de voto, as pessoas irem votar neste referendo, para que a abstenção não atinja os níveis de 1998. “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” é a questão a que os portugueses serão chamados a responder, no próximo dia 11 de Fevereiro.

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