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“Não sou casado porque não tenho vocação para o matrimónio”

Como conviveu com os quase dez anos de seminário?O seminário ajudou-me a ter regras. Todo o dia está estruturado desde a alvorada até à hora do silêncio, passando pelo tempo de estudo, brincadeira, passeio ou oração. Foram nove anos e meio em que andei a ser disciplinado. Numas coisas tive mais facilidade noutras menos, como é normal.Nesse percurso teve muitas dúvidas quanto à sua caminhada até chegar a padre?Claro. No meu curso saíram dois e alguns que saíram eram os últimos que eu pensava que sairiam. E outros que eu pensava que não ficavam lá muito tempo acabaram por ficar até ao fim. E no meio de tudo isto estava eu e interrogava-me muitas vezes se era dos que ia sair ou ficar. Nós éramos particularmente críticos e severos uns com os outros. É preciso ver que entrei para o seminário com 16 e sai com 26. Toda a minha juventude foi vivida nesse ambiente e isso foi muito rico.Conviveu sempre bem com a questão do celibato?Muito bem. Descobri que não sou casado porque não tenho vocação para o matrimónio, embora tenha uma admiração profundíssima pelo matrimónio. A minha maneira de me dar aos outros é sem reservas emocionais. Não há o perigo de ser infiel a esta ou aquela pessoa, tenho é de ser fiel a Deus. Nesse sentido é evidente que me exponho muito mais, porque lido com gente muito carente. Não significa que não tenha as minhas oscilações, que todos temos, mas é evidente que se eu estiver disponível para uma relação estável e duradoura com alguém, isso torna-se uma prioridade e compromete as outras relações. Se a determinada altura sentimos alguma dificuldade, temos de pedir ajuda. Mas sou padre porque quero e não porque alguém me obriga.

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