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May day

Passaram já dez anos desde a altura em que me tornei patrão de costa.Durante um ano lectivo inteiro, frequentei o respectivo curso. Aprendi tudo o que há para saber sobre a pilotagem de embarcações. A navegação por GPS, através de indicações fornecidas via satélite, era já vulgar. Mas havia que saber seguir a rota sem recurso ao aparelho. Nunca se sabe quando ele pode avariar.Realizei o exame escrito. Depois de obter aprovação, submeti-me ao teste prático. Coube-me ficar ao leme de um rebocador de quarenta toneladas.Os alunos eram futuros desportistas náuticos, com as mais variadas formações. Havia médicos, um arquitecto, engenheiros, um piloto de aviação, juristas e muitas outras pessoas com diferentes profissões.Os conhecimentos resultantes da preparação académica e da experiência profissional acabavam por se revelar úteis.Por exemplo, o meu colega piloto de aviação tinha a maior das facilidades em traçar as rotas.Esse era dos exercícios mais interessantes. São fornecidas as coordenadas. O aluno deve colocar a embarcação no ponto de partida e indicar o trajecto até ao local de chegada. A rota é traçada numa carta marítima.É um processo lógico e exacto que só pode conduzir a um resultado correcto. Mas falhando-se um elemento logo de início, toda a rota ficará mal traçada daí para diante.Os juristas mostravam-se especialmente dotados para uma cadeira: salvaguarda de vidas humanas no mar.É um dos aspectos mais delicados no domínio dos desportos náuticos e das embarcações de recreio.Há algo que acontece todos os dias. A lotação é de doze pessoas. O dono do yacht convida uns amigos, tendo em conta esse limite.Mas no dia em que vão zarpar, surgem mais duas pessoas que acompanham um dos convidados. Por uma questão de delicadeza, o skipper não lhes recusa a participação na viagem.No entanto, está-se a navegar em risco.É muito frequente uma embarcação acostar a um porto e ser fornecida uma informação difícil de confirmar. O skipper afirma que partiram cinco pessoas. Agora estão apenas quatro a bordo. Uma terá caído ao mar durante a viagem.A veracidade desta alegação terá de ser verificada. Mas é uma tarefa complicada. Em primeiro lugar, importa apurar se partiram mesmo cinco pessoas. Ou será que se pretende apenas simular a morte de alguém? Estes casos acontecem sobretudo para reclamar o seguro de vida.Se realmente o yacht zarpou com cinco pessoas, há que tentar apurar como se deu o desaparecimento. Pode ter sido acidente, suicídio ou assassinato.Um dos casos mais complicados foi o de Robert Maxwell, o magnata dos media, que detinha um império de comunicação social.Quando se encontrava a bordo do seu yacht, caiu ao mar e morreu.Para uns, foi suicídio. Ele não queria enfrentar a falência do seu grupo económico.Para outros, era mais do que evidente que ele pertencia à Mossad, os serviços secretos de Israel. Teria havido um qualquer problema. A própria Mossad queria eliminá-lo e aquela terá sido a forma de o matar.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)

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