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José Batalha, um homem simples e discreto que serve uma causa nobre há 45 anos

José Batalha, um homem simples e discreto que serve uma causa nobre há 45 anos

Homenagem vai ser organizada pelos Bombeiros da Amizade depois de 45 anos de serviço

Em pequeno já respondia ao toque da sirene para ajudar os bombeiros, mas teve de esperar pelo serviço militar para poder ingressar na corporação que serve há 45 anos. José Batalha, 68 anos, é a alma da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca e foi por ela que regressou à associação depois de um interregno forçado.Quem conhece o chefe Batalha elogia a dedicação, honestidade e sentido de responsabilidade que procura passar aos seus comandados. No dia 31 de Março, os “Bombeiros da Amizade”, grupo de bombeiros com sede em Vila Franca de Xira, vai homenagear o chefe Batalha num convívio na Castanheira do Ribatejo.

Como encara esta distinção?Fiquei surpreso quando soube da notícia. Pensei até em declinar a homenagem, por não gostar de me expor publicamente. Sou uma pessoa que se pauta pela discrição. No entanto, pensei melhor e acedi ao convite, por não querer defraudar as expectativas dos amigos e pessoas que comigo lidam diariamente há muitos anos. Porque decidiu entrar para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira (AHBVVFX)?Morei quando era criança na rua 1º de Dezembro e tinha um vizinho, o senhor Joaquim de Sousa, que era bombeiro. Sempre que tocava a sirene lá ia eu a correr da minha casa para abrir o portão dele. Lembro-me algumas vezes de o ver a vestir-se pelo caminho em passo acelerado. Eram ocasiões em que aproveitava para o acompanhar até ao quartel, então localizado na Rua dos Bombeiros Voluntários.Quando pensou alistar-se?Tinha então 15 anos, mas devido à idade foi-me recusada tal pretensão. Só consegui esse intento depois de ter cumprido o serviço militar.Como foram os primeiros tempos?Fazia serviço de escala e de piquete. Como tinha tocado clarim na tropa juntei-me à fanfarra, por altura da sua fundação. Eram bons tempos. As instruções de fogos e de ordem unida motivavam todo o corpo de bombeiros.Qual o espírito existente por essa altura?Antigamente, fazia-se tudo por amor à camisola. Efectuávamos um serviço de piquete a casas de espectáculos em que recebíamos quatro escudos, mas descontávamos 10 por cento para uma caixa interna, usada para fazer face a dificuldades económicas de alguns elementos da corporação. Como analisa o actual momento da corporação?Felizmente noto que estamos bem servidos de equipamento e instalações para acorrer às necessidades da população.Qual o momento mais marcante pelo qual passou no corpo de bombeiros?Foram, decididamente, as grandes cheias de 1967. Foi um fim-de-semana difícil, a noite de 25 para 26 de Novembro. Tivemos que pedir ajuda aos Bombeiros Voluntários de Benavente para acudir às cheias no Lugar das Quintas, freguesia de Castanheira do Ribatejo, onde morreram 96 pessoas. Lembro-me que em Vila Franca de Xira as águas atingiram um metro de altura. Pelo mais triste acontecimento, tivemos que adiar a festa do primeiro aniversário do quartel, localizado pela segunda vez na Rua dos Bombeiros Voluntários.E o momento que recorda como sendo o mais positivo?Lembro com natural satisfação a participação no 1º Festival Nacional de Fanfarras, realizado em Tomar na noite de 5 de Maio de 1984, porque Vila Franca de Xira foi uma das dez escolhidas do país para participar no evento. Recordo ainda o 1º Desfile de Fanfarras, em Vila Franca de Xira, efectuado a 8 de Maio de 1977, por altura do 95º aniversário da corporação, num evento que contou com a participação de vinte fanfarras de Portugal.Foi promovido a ajudante de comando em 1983, tendo saído da corporação em 1988. A que se deveu?Fui sempre bombeiro voluntário e como trabalhava na EDP, em Lisboa, tive que fazer um interregno por motivos profissionais. No entanto, em 2003 fui chamado à direcção dos bombeiros para reorganizar a fanfarra, que se encontrava desactivada. Não estava muito entusiasmado como a ideia, por ter já dado muito aos bombeiros de Vila Franca de Xira.Como surgiu o volte face? O novo quartel, na Rua António Lúcio Batista, estava na iminência de ser inaugurado com uma fanfarra vinda de fora, por não existir uma na corporação. O argumento tocou-me, o que me fez abraçar o projecto. Para o efeito, convidei todo o pessoal que no meu tempo fazia parte da fanfarra. À resposta positiva, tudo foi mais fácil. O quartel foi inaugurado com pompa e circunstância a 29 de Junho de 2003. A fanfarra da AHBVVFX actuou e poucas pessoas souberam deste episódio. O que sentiu quando passadas quase duas décadas voltou a desfilar nas ruas?A admiração foi geral quando viram a fanfarra na rua. Houve inclusivamente pessoas que gritaram pelo meu nome, o que me deixou deveras satisfeito.Quando desfila na fanfarra, sabe que tem atrás de si pessoas que recebem ordens e ensinamentos seus…Sinto um orgulho enorme em desempenhar estas funções. Quem me conhece, sabe que não o faço por vaidade, mas sim pelo amor que sinto pela corporação; e pela terra a que sempre pertenci, ou seja, Vila Franca de Xira.Projectos para o futuro?Na calha estará a realização de mais um desfile na cidade, à imagem do que sucedeu em 16 de Maio de 2004, evento que contou com 40 fanfarras de diversos pontos do país, num total de 1700 elementos que tocaram desde a saída do Parque Urbano do Cevadeiro, passando pela Rua Luís de Camões e que culminou no quartel.O associativismo é uma parte da vida de José BatalhaNatural de Vila Franca de Xira, José Batalha, 68 anos, entrou a 30 de Abril de 1962 para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira. Tinha então 23 anos. Fez parte do corpo auxiliar da corporação, tendo transitado para a fanfarra, aquando da sua fundação a 1 de Dezembro de 1963. Em Agosto de 1973, por altura das festas de Canha, concelho do Montijo, passou a chefiar a fanfarra. Em 1983 foi promovido a adjunto do comando, funções que desempenhou até 1988. Alegou motivos profissionais para abandonar a corporação, por trabalhar na EDP em Lisboa. A farda guardada na gaveta durante quinze anos coincidiu com o declínio e desmotivação da fanfarra dos bombeiros que sempre serviu. O regresso surgiu em 2003, através de um convite efectuado pelo então presidente Vítor Batalha, actual presidente do conselho fiscal, e pelo ainda primeiro comandante, António Pedro Lopes. Presentemente, além de estar à frente da fanfarra, José Batalha é também vice-presidente da direcção do Clube de Campismo de Vila Franca de Xira “As sentinelas” e vice-presidente da assembleia-geral do Clube Amadores de Pesca de Vila Franca de Xira. Faz ainda parte da criação da velha guarda das ex-CRGE - Companhias Reunidas Gás e Electricidade, hoje denominada EDP - Electricidade de Portugal. É presidente da Tertúlia "Os Companheiros do Balde", tendo sido até há bem pouco tempo assessor das tertúlias do concelho junto da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fados e petisco na festa de homenagem A “Bombeiros da Amizade” homenageia a 31 de Março o chefe da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, José Batalha. A concentração está marcada para as 11h30, junto ao largo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Às 12h00 será depositada uma coroa de flores no cemitério da cidade, em memória dos bombeiros já falecidos. O almoço está agendado para as 13h30, no Ginásio do Juventude da Castanheira. A homenagem a José Batalha é o reconhecimento a um baluarte no historial da fanfarra dos bombeiros de Vila Franca, “por elevar bem alto o nome da sua corporação, com o apanágio, dedicação e o profissionalismo que lhe é reconhecido”, refere a “Bombeiros da Amizade” em comunicado. A distinção será abrilhantada com uma sessão de fados. Amália Rodrigues, Mário Calado, Milú, Júlio Pina, Luísa Copa Pinto, José e Elsa Casanova, Hilário, Margarida Arcanjo, Mário Simões e Ricardo Pereira serão acompanhados por Júlio Madaleno, à guitarra, e Victor Lourenço, à viola. Para o final estará reservado um caldo verde bem regado. A distinção a José Batalha encontra-se inserida no 7º Convívio da “Bombeiros da Amizade”. A organização do evento disponibiliza os seguintes números de contacto para marcações de mesa: 919249424, 263275787 (a partir das 20h00), 962884438, 938569103 e 918797423.
José Batalha, um homem simples e discreto que serve uma causa nobre há 45 anos

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