Se por um lado, todo o cidadão merece ter um fácil acesso ao aconselhamento jurídico, por outro, a abertura de um escritório de advogados num centro comercial equipara a procura desse apoio a uma ida à padaria. O advogado tornar-se-á num mero comerciante ou num prestador de serviços.Sendo certo que actualmente a tendência para prestação de certos serviços tem sido direccionada para a compra on-line através da criação de lojas virtuais, procurando-se assim fomentar o consumo através do fácil acesso a um vasto leque de produtos disponíveis à velocidade de um “clic”, o mesmo não deve suceder com a Advocacia que não pode acompanhar esta tendência, pois que ela, pela sua própria natureza exige que o espaço onde o advogado exerce a sua profissão seja ele também dotado da dignidade que é pedida aos advogados no exercício da sua actividade.Não consigo entender como se permite que num local onde se apela ao consumo desenfreado se instale uma loja de advogados, aliás, o próprio termo “loja” traduz a ideia de que aquele local de aconselhamento jurídico será igual à loja que vende uma pasta de dentes ou um jornal.Uma bonita montra, luzidia e com 3 placares a anunciar que se efectuam reconhecimentos de assinaturas, certificam-se fotocópias, elaboram-se regulações do poder paternal, pactos sociais, preparação de escrituras, etc. Um dia destes colocam um cartaz na montra a anunciar uma promoção da semana: Divórcio litigioso + Regulação do poder paternal só 100 euros!Será que estas lojas são compatíveis com os estatutos da Ordem dos Advogados? Não haverá aqui uma situação de angariação de clientes? Como é protegido o sigilo profissional? Como se resolverão situações de conflitos de interesses? A dignidade da profissão não sairá ferida? São tudo questões que me parece que a Ordem dos Advogados deverá responder. Será que por este andar qualquer dia vamos ver um Advogado com uma banca na feira ou no centro de traumatologia a dar consulta jurídica?Alexandre Castelo - Benavente