Sentada numa cadeira na sala de espera do serviço de urgência do hospital, encontra-se Marina Fonseca, de Alhandra, que trabalha no Lar da Misericórdia de Vila Franca de Xira. Veio porque tem que acompanhar os idosos doentes da instituição. “Hoje é já o terceiro. Há um bocado vim com uma senhora para tirar análises. Foi rápido”, salientou Marina Fonseca, ao notar uma menor afluência de utentes ao hospital por altura da Greve Geral de quarta-feira, 30 de Maio, do que nos restantes dias da semana. “Talvez por saberem que há greve, as pessoas evitam recorrer aos serviços públicos”, acrescenta Marina Fonseca. “Penso que aproveitaram o dia para descansar, em vez de darem prioridade à resolução de assuntos pessoais”, opina Rui Silva no largo da câmara, ao constatar o pouco movimento de pessoas nas ruas da cidade. No Hospital Reynaldo dos Santos, aderiram 56 por cento dos funcionários durante o período da manhã. A taxa de adesão no período da tarde quedou-se pelos 47,7 por cento, segundo referiu Carla Lince, directora dos recursos humanos do hospital. Não foram especificadas as valências mais afectadas. Segundo dados da comissão sindical da câmara, aderiram à greve 85 por cento dos funcionários da edilidade de Vila Franca de Xira. Os SMAS registaram uma paralisação de efectivos em 70 por cento. Por sua vez, o assessor de imprensa daquela autarquia, Mário Nuno Duarte, refere que “do total de 716 trabalhadores da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira (Quadro e com Contrato a Termo), 314 não efectuaram a picagem do cartão de ponto, o que corresponde a 43,85 por cento”.O dia registou uma acentuada acalmia nas ruas de Vila Franca. O trânsito circulava com fluidez. A junta de freguesia esteve encerrada ao público. O Tribunal de Vila Franca de Xira funcionou a meio-gás. Foram diversos os julgamentos agendados que tiveram de ser adiados. No resto do concelho, as juntas de freguesia de Vialonga, Castanheira do Ribatejo e São João dos Montes estiveram encerradas ao público, segundo dados do Sindicato de Trabalhadores da Administração Local. Aquele sindicato adianta que a junta do Forte da Casa teve uma adesão de 45 por cento, enquanto Alverca registou 95 por cento, Sobralinho 70 por cento e Alhandra 68 por cento. No que respeita às IPSS do concelho, o Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores refere que encerraram a Associação de Promoção Social (APS) de Alhandra, o Centro Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira, a APS de Castanheira do Ribatejo e a Associação Popular de Apoio à Criança da Póvoa de Santa Iria, enquanto a Associação para o Bem Estar Infantil de Vialonga teve uma adesão de 90 por cento, a Cerci Póvoa de 90 por cento e o Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho de 95 por cento. No sector privado, enquanto a Fateleva Indústria de Elevadores (Alverca) encerrou, a Tudor (Castanheira do Ribatejo) com 90 por cento dos funcionários da produção em greve, a Cimianto (Alhandra) com 80 por cento, e a Central de Cervejas com 85 por cento, foram algumas das empresas do concelho afectadas pela greve geral.Num comunicado enviado à redacção, a Comissão Concelhia de Vila Franca de Xira do PCP saudou os trabalhadores do sector público (Administração Central e autarquias locais) que fizeram greve em defesa do vínculo público, pela estabilidade do emprego, pelo direito à carreira, a salários e a condições de vida e profissionais dignas. Saúda também os trabalhadores do sector privado que fizeram greve, lutando pelo emprego com direitos, contra o desemprego e a precariedade no trabalho, pela melhoria dos salários, da contratação colectiva e por uma mais justa distribuição da riqueza.