A calçada, para além de ser uma arte ancestral com imensa tradição em Portugal, é a forma mais ecológica de pavimentar as ruas por onde passamos no nosso dia-a-dia e as bonitas praças nas quais nos passeamos nas nossas tardes de domingo. Para além de se utilizar nela um material absolutamente limpo e natural, aqueles pequenos espaços deixados entre as pedras ficam permeáveis às águas pluviais, contribuindo assim a calçada, para que se evitem ou atenuem algumas enxurradas e se impeça simultaneamente a corrente desenfreada das águas em direcção aos rios através das sarjetas e dos canais de escoamento. Contribui assim a calçada, bem ao contrário dos pisos impermeáveis, para que se cumpra o ciclo natural da água das chuvas, que penetrando no interior da terra vai alimentar os aquíferos de água doce indispensáveis à sobrevivência dos seres que habitam o nosso planeta.Conversando um dia com um político com responsabilidades autárquicas e que fazia questão de afirmar que não era ecologista, fiz de propósito, para lhe “torrar” um pouco a paciência trazendo este tema à conversa. Uns tempos mais tarde dei com a pessoa em causa usando este argumento num seu discurso para elogiar uma obra da autarquia - o embelezamento de parte de uma praça em que a calçada foi o material predominante.Percebi que afinal, é bom quando os políticos conseguem ouvir e aprender alguma coisa, mesmo quando usam as ideias dos outros nos seus discursos. O que conta mesmo é que nunca é tarde para aprender e que é cada vez mais urgente que cada pessoa na Terra se torne num ecologista convicto no seu comportamento e não apenas no momento de botar discurso bonito.João Chamiço