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Clarividente Serafim das Neves

Os burocratas da União Europeia desunham-se na tentativa de acabar com os nossos hábitos e costumes, mas o povo não lhes dá tréguas. Ainda eles não acabaram de banir as colheres de pau ou os jaquinzinhos e já nós avançámos com mais material para lhes derreter o bestunto. No Sábado, na Raposa, em Almeirim, celebra-se o dia de S. Galo. Celebrações eucarísticas de raiz popular, pois claro. Pelo que li vão ser imolados 7 animais no altar da gula. O 7 é o número mágico e naquele dia alinham-se todos os setes do calendário, 7/7/07. Os sacerdotes deste ritual já fizeram saber que vão paramentar os defuntos galináceos de duas formas distintas. No forno, com feijão verde ou ervilhas e no forno com batatas e arroz. Antes, durante e depois será cantado e regado o hino da irmandade. Oremos pois, pela boa digestão dos confrades. Dos confrades do S. Galo e dos confrades de S. Coscorão, que atacam o dito cujo na Póvoa da Isenta. Estes últimos fazem renascer o Natal em Julho. São os anjinhos papudos que anunciam o reino do óleo frito e do açúcar com canela. Não há Comissão Europeia que nos resista, repito. E depois do coscorão há-de aparecer o festival da moelinha, o da entremeada no pão; o da cachola com todos. Heróis do mar nobre povo, nação à mesa a pedir mais!! E tudo regado a minis que é outra coisa que a União Europeia não consegue banir. Ainda no outro dia estive com os meus vizinhos numa garagem a aviar um caldeirão de feijoada de caracóis e à mesa só havia minis. Não me perguntes de onde vieram as minis. Mas eu juro-te que não havia lá senão minis. Bebi dúzia e meia. Juro!! E também cantámos o hino da feijoada de caracóis. Tem um refrão que pede meças ao do Hino da Maria da Fonte. “Atafulha, atafulha sem medo/ Bebe uma mini para afogares o animal/atafulha até lhe tocares com o dedo/E depois vai vomitar p’ró quintal”.Eu só não proponho já a atribuição de medalhas e comendas aos cruzados da idiossincrasia nacional porque ainda não tenho o aval dos eleitos do PSD na Assembleia Municipal de Almeirim, esses paladinos do genuíno sentir paroquial. Batalhadores incansáveis da causa bairrista. Patrioteiros até à medula. E já que falo de tão nobre gente, relembro aqui o seu mais recente combate. Peito feito às traiçoeiras balas da crítica maldizente eles travaram a atribuição da Medalha da Cidade a essa fadista estrangeirada chamada Cristina Branco. Um feito heróico, como calculas. Então, alguém que tem o desplante de dizer, numa entrevista, que Almeirim não é a cidade mais linda do mundo, merece uma condecoração? Ainda bem que o mal foi cortado pela raiz. Imagina se lhe davam a medalha. No dia seguinte ela ia dizer que o melão lá da terra sabe a esferovite, que as caralhotas lhe fazem azia, que o vinho branco é uma autêntica mijeta, eu sei lá que mais. Hoje estou virado para o patriotismo. Acordei com os pés de fora e com um travo a pólvora na língua. Acho que me vou juntar ao presidente Paulo Caldas do Cartaxo no fabrico do dossier explosivo sobre a Ota e o TGV. Só espero que o ingrediente principal da bomba seja tinto…e do bom. Pelo sim, pelo não vou levar um tuperware de rojões. Nesta coisa de grandes batalhas todos os reforços são bem-vindos. Um bacalhau bem azeitado do Manuel Serra d’Aire

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