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Personalidades da cultura vilafranquense elogiam o museu

Filho de Alves Redol diz que o pai teria ficado “incrédulo”

Intelectuais de Vila Franca, amigos e admiradores de Alves Redol aplaudem o museu e garantem que se o escritor o pudesse ver “não iria acreditar”.

Se alguém tivesse falado a Alves Redol no projecto do Museu do Neo-realismo, o escritor e um dos expoentes máximos do movimento teria ficado incrédulo. É pelo menos essa a opinião do seu filho, António Redol, presidente da Associação Promotora do Museu do Neo-realismo. “Se lhe mostrassem, ele não teria acreditado”, garante. Passados 38 anos após a morte do escritor, a cidade que o acolheu está prestes a ter um museu inteiramente dedicado ao movimento que o escritor fundou. Para António Redol, que falou durante uma visita ao museu destinada a apresentá-lo aos jornalistas, “esta é a concretização de um sonho que muitos julgavam inatingível”. Com a voz embargada pela emoção, o filho de Alves Redol teceu elogios ao espaço e ao trabalho do arquitecto, Alcino Soutinho, e frisou que a associação a que preside não vai extinguir-se com a abertura do museu, mas sim tentar colaborar com o mesmo.A arquitectura do museu e o seu enquadramento na paisagem envolvente têm sido alvo de críticas por parte dos munícipes vilafranquenses. Leonel Garcia, presidente da Cooperativa Alves Redol, discorda das críticas. “Sabemos que os museus devem ser espaços o mais fechados possíveis, para evitar deteriorações”, justifica. O único reparo de Leonel Garcia em relação ao aspecto do edifício diz respeito à cor. “Só me choca um bocadinho a cor branca porque nada em volta é branco”, explica. A localização do museu, no centro da cidade, é, em seu entender, a ideal. Tal como todos os vilafranquenses, também o presidente da cooperativa espera que o museu possa atrair mais visitantes à cidade. “Atrair gente vai depender da organização do museu”, frisa, acrescentando que o importante é abrir o museu à comunidade, não só às escolas mas a todos as idades.Para a directora do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, Graça Nunes, o novo Museu do Neo-realismo tem aquilo que considera ser “uma arquitectura muito nobre”. Graça Nunes não deixa de louvar a iniciativa de construir um edifício de raiz para a função de museu. Para além disso, refere ainda “o privilégio” de este projecto ter tido Alcino Soutinho como arquitecto, “um homem também ele ligado à temática do próprio museu”. Graça Nunes lembra que o Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira sempre esteve em instalações provisórias e que, por esse motivo, esta era uma obra “que fazia muita falta à cidade”.Um dos espólios mais importantes que o novo Museu do Neo-Realismo irá acolher será certamente o do escritor e pedagogo Arquimedes da Silva Santos, outro dos grandes vultos desse movimento em Portugal. Para o artista, “esta é uma obra interessante, com um estilo do nosso tempo”. “Temos que aceitar a evolução”, considera, pondo de lado as críticas em relação à desadequação do edifício na paisagem. “Sou suspeito mas creio que é uma obra fundamental”, acrescenta. Arquimedes da Silva Santos diz ter total confiança em quem vai ficar à frente do museu e tomar conta do seu espólio, ou não o teria doado. O professor lembra ainda que o museu não será exclusivamente dedicado ao Neo-Realismo, sendo que haverá uma abertura a outras épocas, inclusivamente à arte contemporânea. “Esperemos que a população o saiba valorizar”, conclui.

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