As recordações que guarda das idas ao pediatra fizeram com que Teresa Gil Martins, de 41 anos, alimentasse o sonho de ter um espaço seu, com ambiente adequado aos seus utentes. A pediatra albicastrense optou então por deixar a clínica onde trabalhava e abrir o seu consultório em Almeirim, onde vive há 18 anos.Os vidros da entrada decorados com números e letras dão logo a entender que aquele é um espaço para as crianças. Ao passar a porta encontramos um pequeno parque com brinquedos para vários gostos e uma música ambiente capaz de acalmar os utentes mais reguilas. “Sempre quis ter um espaço assim. A memória que tenho das minhas idas ao pediatra é de uma sala de espera muito agradável, nem me lembro muito das consultas”, explica. Actualmente, Teresa Gil Martins, para além da clínica, também presta serviço no hospital. Um trabalho que entende ser muito diferente daquele que desenvolve no seu espaço. “No hospital há situações muito graves, temos de actuar rapidamente e os resultados são mais no imediato. No consultório acompanhamos crianças até aos 18 anos, agora que a idade dos utentes de pediatria foi alargada”, conta.Actualmente, o consultório pediátrico conta com três especialidades. Cuidados de nutrição, psicologia e fisioterapia respiratória estão também ao dispor dos utentes. “Assim é mais cómodo para os pais, que podem fazer várias coisas no mesmo sítio”, justifica.Teresa Gil Martins não tem preferência por nenhuma faixa etária. “Todas as idades têm os seus encantos. Os bebés pelo processo de crescimento que é muito rápido, os adolescentes porque temos de falar com eles e sermos um pouco amigos e psicólogos também”, explica com o brilho nos olhos de quem adora o que faz.Em pequena queria ser educadora de infância, mais tarde apaixonou-se pela medicina e decidiu então aliar as duas coisas. Acredita que tem de haver vocação para se ser médico pediatra. “Aguentamos estes horários porque gostamos mesmo do que fazemos e sentimos que é muito gratificante. O emprego não deve ser só para ganhar dinheiro, mas também porque gostamos de contribuir para a sociedade em que vivemos”, defende.Um dos problemas que a preocupa mais na saúde das crianças, apesar de entender que os cuidados com a saúde infantil têm vindo a melhorar, é a obesidade. “Estou muito satisfeita com algumas medidas que têm vindo a ser tomadas relativamente à alimentação nas escolas só para dar um exemplo. As crianças têm tendência a deixar de trazer a tradicional sandes de manteiga para o lanche e optam por comprar qualquer coisa naquelas máquinas que só têm alimentos altamente calóricos”, exemplificou. “É preciso ter noção que a obesidade não é só um problema estético mas acima de tudo um problema de saúde que traz muitas complicações”, alertou. “Acima de tudo é necessário que os pais tenham cuidado com a alimentação das crianças logo desde bebés”. Para a médica pediatra o “quando entrarem para a escola emagrecem”, que os pais muitas vezes usam como desculpa para uns quilinhos a mais dos filhos, não corresponde de todo à verdade nem a uma educação para o futuro.