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Galardão Mulher Empresária: Emília Alves é uma mulher simples que gosta de viver e trabalhar

Galardão Mulher Empresária: Emília Alves é uma mulher simples que gosta de viver e trabalhar

Tem tempo para gerir duas empresas estar com a família e apoiar uma criança deficiente

Uma mulher hiperactiva e simples. É assim que se define Emília Alves, sócia-gerente das empresas Vieira Alves Metalomecânica e Construções Vieira Alves (CVA), distinguida com o Galardão Mulher Empresária.

Desde muito cedo que Emília Alves mostrou que não se dá bem com o imobilismo. Completou o terceiro ano na Escola do Coração de Maria, em Fátima, e com 14 anos começou a trabalhar na cozinha e refeitório do Santuário. Ao mesmo tempo ajudava o pai a tratar das vinhas em Casais Revelhos (Abrantes), Brogueira (Torres Novas) e Santa Catarina da Serra, Fátima, a sua terra natal. “Não gostava de estudar porque tinha que estar sentada nas aulas. Parada. Aquilo para mim era um tormento. Eu queria mexer-me. Ter acção”, recorda a sócia-gerente das empresas Vieira Alves. Mais tarde, o pai, Joaquim Vieira Alves, por quem tem enorme admiração, colocou-a a trabalhar nas Construções Vieira Alves durante quatro anos. Emília limpou e montou ferro, arranjou rebarbadoras, extensões monofásicas e máquinas de soldar. Com tal experiência não é de estranhar que circule como agora pela unidade industrial Abrantes onde estão a ser construídas enormes torres eólicas, com grande à-vontade. Veste a farda de trabalho cinzenta, calça luvas e botas de borracha. Vai observando, dá indicações e corrige. “Nunca fui complexada e conheço as máquinas e os processos de fabrico”. Foi em Março de 1993 que Emília Alves deu o passo decisivo da sua vida profissional. Comprou a quota da CVA ao último de cinco irmãos e assumiu o controlo da empresa sozinha. Dez anos depois investe oito milhões de euros na Vieira & Alves Metalomecânica, para fabrico de torres eólicas. “Sempre fui decidida mas nunca dei passos maiores que as pernas. Acho que é uma sensibilidade que nasce com as pessoas”, opina. Trabalha em regra 12 horas por dia mas isso não a impede de ter tempo para a família. Diz que passa momentos de grande tranquilidade com o marido, o empresário Aires Ribeiro e com o filho Humberto de 11 anos. O seu coração ainda encontrou espaço para acolher, todos os fins-de-semana, um jovem deficiente de 11 anos. “Gostava de um dia criar uma instituição de apoio a crianças abandonadas na minha terra”, confessa Emília Alves. Em Santa Catarina da Serra a empresária é também proprietária de um café. Ponto de encontro da aldeia, é lá que descontrai muitas vezes a tirar bicas e a servir bifanas. Católica, Emília Alves agradece diariamente a Deus os bons momentos e a força que lhe é dada para ultrapassar os obstáculos pessoais e profissionais. É benfiquista e na área da política admira Cavaco Silva mas não é adepta de radicalismos. “Foi o presidente da câmara de Abrantes, socialista, que viabilizou o maior projecto empresarial da minha vida”, graceja. Emília Alves não tem paciência para as rotinas de férias. Prefere ver coisas diferentes todos os dias, como fez num cruzeiro há dois anos e nas cinco ilhas percorridas nos Açores.O estatuto alcançado não a fez tornar-se uma pessoa presa aos luxos. Admite que às vezes gostava de ser “mais feminina” na escolha do vestuário. Mas como qualquer mulher aprecia sapatos e uma boa peça de roupa. Não liga a carros topo de gama, “o dinheiro mais mal empregue”. Nas férias, como no trabalho, não gosta de estar parada. O gosto por ver “coisas diferentes todos os dias” levou-a a percorrer todas as ilhas do Arquipélago dos Açores ou a fazer um cruzeiro, por exemplo.Se pudesse voltar atrás, Emília Alves tinha melhorado a sua formação académica. “Neste mundo o Inglês faz imensa falta para discutir com clientes estrangeiros”, constata. Um curso de contabilidade e outro de informática ajudaram-na a consolidar-se como gestora. A empresária sente-se orgulhosa do que conseguiu alcançar e pede a Deus “mais uns anos” para concretizar outras ideias. Com a Vieira Alves Metalomecânica a laborar desde Fevereiro deste ano pretende ganhar velocidade de cruzeiro. Junho já foi um mês bastante positivo. A Metalomecânica, implantada no Parque Industrial de Abrantes ocupa 35 mil metros quadrados de área, dos quais nove mil de área coberta. As torres eólicas saem da fábrica à razão de uma por semana, com dimensões entre os 40 e os 80 metros, para Portugal mas também para Espanha, Dinamarca, Alemanha e França. A boa localização e acessos, assim como a abertura demonstrada pela Câmara de Abrantes, foram condições essenciais para a instalação da empresa. Conta com 55 colaboradores, a que somam mais 45 sob a alçada de Emília Alves na empresa de construção CVA. Ao longo da conversa com O MIRANTE apenas um lamento. “Falta mais mão-de-obra especializada”.
Galardão Mulher Empresária: Emília Alves é uma mulher simples que gosta de viver e trabalhar

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