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Cortejo etnográfico de Coruche à moda de Viana do Castelo

Cortejo etnográfico de Coruche à moda de Viana do Castelo

Proprietário de uma casa agrícola foi quem criou o desfile que exalta as gentes da terra
Já lá vão mais de cinquenta anos. A Festa de Nossa Senhora do Castelo tinha a procissão, os toiros e os ranchos folclóricos. António José da Veiga Teixeira acrescentou-lhe um desfile em que eram representadas as grandes casas agrícolas.Uma viagem a Viana do Castelo na altura das festas da Nossa Senhora da Agonia inspirou António José da Veiga Teixeira, proprietário de uma casa agrícola em Coruche, a organizar um cortejo de trabalhadores rurais na sua terra. Em meados dos anos 40. Um grupo de homens a serrar um tronco de pinheiro ao mesmo tempo que desfilava foi um dos quadros da festa nortenha que o percursor do desfile etnográfico e do trabalho das Festas de Nossa Senhora do Castelo, melhor recorda.“Vi em Coruche condições ímpares para realizar um cortejo durante as festas que, desde o tempo dos meus avós, já contavam com entradas de toiros e folclore. Retratar os homens das vinhas, da cortiça, do arroz e por aí fora, de todas as casas agrícolas era a minha ideia”, recorda. A procissão de dia 15 de Agosto era, tal como hoje, o ponto alto das festas. Um dia antes uma missa cantada celebrava a vitória de Aljubarrota. O cortejo etnográfico e do trabalho seria o complemento ideal. Naquele tempo havia grandes casas agrícolas no concelho. Cada uma delas cederia 15 a 20 trabalhadores para desfilarem trajados a rigor. Os figurantes tinham depois direito a ver as corridas de toiros de borla e a um almoço no mercado municipal. Nas décadas de 40, 50 e 60, os ranchos de trabalhadores com utensílios do campo e animais foram protagonistas do cortejo. Assim como os campinos das casas da região, junto às primeiras máquinas agrícolas que se viram por aquelas bandas. Mais tarde surgem as primeiras agro-indústrias no concelho, que passam também a estar representadas com as suas actividades como o descasque do arroz e do pinhão.O 25 de Abril de 1974 representou uma cisão nos moldes do cortejo. A ocupação dos campos e a aplicação da reforma agrária afectaram as casas agrícolas. Os grandes patrões eram considerados “exploradores da classe operária”. A Câmara Municipal assume a organização do desfile. Em vez de uma parada demonstativa do que se fazia em cada Quinta entre em cena um novo conceito. A etnografia. Nos primeiros tempos de gestão pós 25 de Abril da autarquia, foram os carros camarários os protagonistas do desfile. A partir de 1991, com o Presidente da Câmara Manuel Brandão (CDU) e o actual presidente, Dionísio Mendes, que na altura era vereador apostou-se naquela vertente, com a colaboração dos ranchos folclóricos, colectividades e juntas de freguesia. O modelo manteve-se até hoje.
Cortejo etnográfico de Coruche à moda de Viana do Castelo

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