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Irmandade da Senhora do Castelo aposta na salvação do património da ermida

Juiz Diamantino Diogo diz que é um desperdício gastar 15 mil euros no fogo de artifício

O juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Castelo considera que o ponto alto da festa é a procissão e anuncia que será o último ano que a instituição paga o fogo de artifício. Diamantino Diogo, homem de negócios, atento à realidade do seu concelho, vaticina um futuro promissor para Coruche se o aeroporto aterrar no Campo de Tiro de Alcochete.“Vamos voltar a ser um concelho rico e próspero”, acredita.

Porque é que aceitou esta missão de ser juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Castelo?A minha entrada foi acordada com meses de antecedência. Um grupo de irmãos considerou que era oportuno assumir o cargo e esta missão e estou a fazê-lo com muito honra e prazer. Já tinha tido outros convites, mas por estar ligado a outros cargos, que me exigiam muito tempo fora de Coruche, nunca assumi esta responsabilidade.Dirigir uma instituição deste tipo é uma missão?É uma missão que exige de nós disponibilidade e grande sentido de responsabilidade porque a Irmandade tem uma série de obrigações e um património muito importante para gerir e que está degradado.A prioridade da mesa administrativa que lidera foi para a conservação da Ermida e da Igreja de Nossa Senhora do Castelo?Nós tínhamos a ermida muito degradada e um problema gravíssimo com a electricidade e a infiltração de águas. Assumimos os cargos em Fevereiro e a primeira intervenção foi logo na Ermida e naquele conjunto de edifícios. O sistema eléctrico estava degradado e perigoso e tivemos de acudir de imediato. Tínhamos várias paredes com infiltrações e uma drenagem deficiente que comprometia todo o edificado. As águas escoavam para a encosta que ameaçava ruir. Fizemos um sistema de drenagem que leva água para a estrada de Santarém e encaminha para as condutas pluviais.São obras pouco visíveis, mas muito importantes?Decisivas para salvar este magnífico património dos coruchenses que podia cair e ser o descalabro total. Para além disso estamos a fazer pequenas reparações, pinturas e embelezamentos da zona para que tudo esteja melhor durante a festa. As outras obras maiores ficam a aguardar melhor oportunidade. Agora havia que acudir de emergência como se fossemos os bombeiros.A muralha também está em risco?Aquela muralha tem uma antiga fortificação de D. Afonso Henriques que está coberta por aquele tijolo aberto que lá puseram, mas havemos de a descobrir para que seja estudada e possa ser um património de Coruche. Têm tido algum apoio do Estado e da câmara para estas intervenções?Até agora não foi possível porque havia uma grande urgência em intervir para salvar o património. Agora, com mais calma, vamos preparar uma candidatura para eventuais apoios. Tivemos apenas o apoio de empresas, instituições e irmãos de Coruche.Para além da quota de seis euros anuais dos irmãos que outros apoios recebem?Temos donativos de irmãos, empresas e amigos da Irmandade.É um irmão activo há muitos anos?Estou ligado à irmandade desde miúdo. Há uma tradição religiosa muito forte em Coruche e esta ligação à Irmandade passa de pais para filhos. Todos os coruchenses têm uma grande devoção à Senhora do Castelo e eu fui influenciado por essa fé que percorria toda a família. Noutros tempos a Irmandade organizou todo o programa das festas…Era a Irmandade que fazia tudo até ao 25 de Abril. Depois passou para a câmara e agora é uma comissão. Mas há uma tradição que ficou e que nos custa muito dinheiro. É o fogo de artifício que é pago pela Irmandade. Antes tínhamos verbas dos bilhetes dos espectáculos pagos, mas agora é tudo de borla e é mais complicado.A tradição do fogo é difícil de manter?É uma tradição que nos sai cara. O fogo custa mais de 15 mil euros e a Irmandade não tem condições para suportar este custo. É nossa vontade deixar de assumir esta organização e este custo. Dizem que é tradição, mas é uma tradição com 30 anos enquanto a de organizar a festa era de 300 anos e também acabou quando a câmara assumiu a organização.A Irmandade tem outras preocupações?Estamos disponíveis para ajudar a comissão de festas a organizar o fogo, mas não faz sentido que seja a Irmandade apagar. Com tanta despesa que temos, com tanta gente a precisar de ajuda não faz sentido custear o fogo porque não faz parte dos estatutos da instituição. Quais são os principais objectivos da Irmandade?Como dizem os estatutos a Irmandade existe para promover a devoção e o culto à Nossa Senhora do Castelo, aproximar as pessoas da Igreja e defender todo este património da ermida que nos foi legado pelos antepassados.Esta festa perdeu algum cariz religioso a favor do aspecto taurino?Não concordo. A Festa de Nossa Senhora do Castelo é um segundo Natal. A parte mais empolgante da festa é a procissão que trás mais de 60 a 70 mil pessoas no dia 15 de Agosto. Todas as outras componentes da festa são importantes, mas a festa é religiosa.É a devoção que traz tanta gente?Nós recebemos milhares de pessoas dos concelhos vizinhos e centenas de emigrantes que todos os anos prestam a sua homenagem à Nossa Senhora do Castelo com uma grande devoção.A fé em Nossa Senhora do Castelo é antiga…Quando os militares portugueses iam combater para o Ultramar, as famílias vinham aqui colocar as fotografias que ainda hoje permanecem na Igreja. A nossa padroeira é muito querida de milhares de pessoas.O senhor já fez promessas à Nossa Senhora?Muitas vezes. Ela acompanha-me todos os dias. Sou devoto como todos os coruchenses que têm um grande respeito por Nossa Senhora do Castelo.A festa é organizada por uma comissão popular. A Irmandade não teria condições para voltar a organizar toda a festa?Nesta altura não temos condições e eu não estou de acordo. A festa atingiu uma pujança muito grande e a nossa missão não é organizar a festa, é dinamizar e incentivar o culto. As festas custam muito dinheiro e as pessoas habituaram-se a ter grandes espectáculos (Daniela Mercury, Quim Barreiros, Giftt), que custam muito dinheiro, sem pagar nada.

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