uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Os irmãos Pedro Santos e Carlos Santos são dois dos melhores decatlonistas portugueses

Ambos são atletas da Casa do Povo de Alcanena. Pedro apesar de ser ainda júnior já integrou a Selecção Nacional sénior que em Julho disputou a Taça da Europa em Maribor, Eslovénia

Pedro Santos tem apenas 19 anos, está no último ano de júnior, mas é já um dos melhores decatlonistas portugueses da actualidade. O seu irmão Carlos é um pouco mais velho, tem mais dois anos e é também um decatlonista de primeiro plano. São dois jovens a quem o sucesso não subiu à cabeça. Continuam a viver com simplicidade na pequena aldeia de Monsanto no concelho de Alcanena e garantem que querem lutar para melhorar as suas marcas e serem cada vez melhores.

Carlos e Pedro Santos são atletas da Casa do Povo de Alcanena, do Grupo de Atletismo de Fátima e começaram a praticar atletismo quando ainda andavam na escola primária. Foi Paulo Constantino que os descobriu e trouxe para a modalidade e tem ajudado a desenvolver as suas faculdades físicas para tão exigente especialidade atlética como é o decatlo.Pedro Santos é o mais novo mas é já presença assídua nas selecções nacionais. Participou como júnior no Campeonato do Mundo de Juniores, onde obteve um bom 25º lugar e bateu o seu recorde pessoal. Nos dias 7 e 8 de Julho representou a Selecção de Seniores de Portugal na Taça da Europa de Provas Combinadas, que se disputou em Maribor, na Eslovénia.“Infelizmente as coisas não me correram bem, nem a mim nem aos meus colegas de equipa. O Tiago Marto, também ribatejano, e Cláudio Gama, desistimos todos por lesão, foi muito triste”, disse contristado Pedro Santos.O decatlo não é uma especialidade fácil é mesmo a mais exigente do atletismo. Como o nome indica é composta por 10 provas diferentes: 100 metros planos, salto em comprimento, com vara e em altura, lançamento do peso, do disco e do dardo, 400 metros planos, 110 metros barreiras e 1500 metros planos. “É obra, e para conseguirmos resultados temos que ser bons atletas em todas estas provas”, referiu Carlos Santos.Carlos Santos é vigilante na Praia Fluvial dos Olhos de Água, em Alcanena. Pedro Santos acabou agora o décimo segundo ano e como tem o estatuto de atleta de alta competição podia escolher um curso para entrar na universidade, mas resolveu parar um ano nos estudos para se dedicar ainda mais em força ao atletismo. “Quero desenvolver mais as minhas possibilidades, agora que vou passar para a categoria de sub -23 quero lutar pelos melhores lugares em Portugal e no estrangeiro”, referiu, garantindo no entanto que a questão de tirar um curso não fica totalmente posta de parte, “é apenas uma paragem para pensar bem o que quero”.Nas camadas jovens, Pedro já ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal. No estrangeiro, para além das internacionalizações ao serviço de Portugal, foi 25º classificado no Mundial de Juvenis de Provas Combinadas, e infelizmente na Taça da Europa de seniores as coisas não correram bem. São triunfos que surgem ao longo de todos estes anos de competição no atletismo, uma modalidade que como o próprio diz “começou quase por acaso”.Carlos e Pedro Santos, não são gémeos mas em certas atitudes até o parecem ser. Ambos têm uma predilecção pelo salto em comprimento, é a especialidade de que mais gostam e onde têm as suas melhores marcas. Já pensaram algumas vezes em deixar o atletismo para trás, mas Paulo Constantino não desistiu de fazer deles atletas de eleição, apostou neles e não os deixa desanimar. A aposta não podia ter sido melhor. Pedro Santos não só ganhou as provas todas como bateu os três recordes distritais. Estava ali encontrado o futuro campeão de Portugal de provas combinadas. Tomou-lhe o gosto e hoje, com 19 anos, diz que não pode viver sem o atletismo.Ser campeão é já uma coisa quase normal para Pedro Santos. A nível regional já lhe perdeu a conta, a nível nacional é dos melhores no salto em comprimento, e decatlo. “São muitas vitórias, tantas que já lhe perdi a conta”, diz de uma forma simples e com uma modéstia desarmante.Ao longo da sua carreira de atleta jovem tem sido sempre um dos mais categorizados atletas ribatejanos em competição, tem ombreado com Tiago Marto, que é agora o melhor português. Mas é como sub-23 que espera atingir a melhor fase da sua carreira. “Quero lutar por objectivos, quero chegar o mais longe possível, vou trabalhar muito para chegar ao nível dos melhores”, garantiu Pedro Santos. Por sua vez, Carlos Santos quer também trabalhar ainda mais para ser um atleta de pódio em Portugal e chegar à selecção.Ambos os irmãos já foram contactados para ir para clubes de maior nível, mas Paulo Constantino e a Câmara Municipal de Alcanena convenceram-nos a continuar a representar a Casa do Povo de Alcanena. Não foi por não irmos para outro clube que as nossas marcas não melhoraram. “Conseguimos manter a nossa ascensão no decatlo, melhorámos as nossas marcas, que já estão muito perto das melhores portuguesas”, garantiram os dois irmãos.O feito é ainda maior quando se está perante um atleta ainda muito jovem, que teima em não se deixar encandear com o profissionalismo. “Queremos continuar a fazer atletismo por prazer. Queremos ir muito mais além, mas primeiro está a nossa terra. Depois sim vamos encarar o atletismo ainda mais a sério e pensar nas propostas que nos têm sido feitas”, garantiram.Pedro e Carlos Santos comungam ideias muito próximas. Ambos têm como ídolos Carlos Calado, por ter sido o melhor no salto em comprimento, e sobretudo Mário Aníbal. “Foi o melhor de sempre nas provas combinadas em Portugal, e conseguiu ser um dos melhores do mundo, é um exemplo para nós. Gostávamos de chegar perto daquilo que ele fez no atletismo nacional”, referiram com simplicidade.Os dois irmãos estão dispostos a continuar a trabalhar para melhorar as suas marcas. Ambos são ambiciosos, sonham com voos bem altos. Pedro Santos tem como objectivos próximos a luta pelo título nacional de sub-23 e continuidade de um lugar na selecção nacional na Taça da Europa do próximo ano, “quero fazer esquecer o mau resultado deste ano”. Mas o sonho maior é uma presença nos Jogos Olímpicos em 2012. “É um sonho que nos acompanha, mas sabemos que para lá chegar ainda temos um longo caminho a percorrer. É preciso trabalhar muito, e nós estamos dispostos a fazer o esforço necessário para isso”, garantiram os dois irmãos.

Mais Notícias

    A carregar...